SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fiscalização surpresa realizada em escolas públicas de São Paulo por equipes do Tribunal de Contas do Estado na segunda-feira (29) encontrou refeitórios em más condições de uso, alimentos vencidos ou sem condições de consumo e grandes refeições, como o almoço, servidas em horários inadequados, pouco depois das 8h.

As diligências ocorreram simultaneamente em 371 escolas da rede pública —262 municipais e 109 estaduais— localizadas em 265 municípios no interior, litoral e região metropolitana de São Paulo, além da própria capital.

O balanço final indica que 28% das unidades vistoriadas não armazenam corretamente o alimento da merenda e 34,6% delas têm problemas sobre o controle de temperatura de alimentos refrigerados ou congelados.

Em 5,4% das escolas fiscalizadas as equipes do TCE, divididas entre os 382 auditores da corte, encontraram alimentos vencidos. Outras 10,2% apresentavam alimentos de origem animal, como carne bovina, sem registro em órgãos de inspeção.

Na cidade de Osasco, por exemplo, pacotes vencidos de feijão foram encontrados na escola Marina Von Puttkamer Melli, que é municipal. O Tribunal de Contas afirma que mais de 80 sacos foram encontrados; a prefeitura, por sua vez, diz que eram 48.

À Folha de S.Paulo, o município afirmou que a escola já havia pedido que os produtos fossem retirados e que nenhum alimento vencido foi oferecido aos estudantes.

Na escola municipal Fabíola de Lima Goyano, em Diadema, diligências constataram que havia plástico na carne moída guardada ao consumo das crianças. Cozinheiras afirmaram aos auditores do Tribunal de Contas que a ocorrência é comum.

À Folha de S.Paulo, a Prefeitura de Diadema afirmou que o caso “foi imediatamente comunicado pelo agente de cozinha à nutricionista que acompanhava a visita” e que a equipe de alimentação faz treinamentos semestrais. Disse também solicitado troca do alimento e que o problema foi sanado.

As diligências desta segunda-feira detectaram também que 77,8% das escolas vistoriadas não possuem certificado de potabilidade da água, com risco de contaminação segundo o TCE. Em 24% dos locais, por sua vez, laudos de higienização de caixas d’água estão desatualizados.

Na região de Ribeirão Preto, em Cajuru, a escola municipal André Ruggeri estava com certificados de desratização e de limpeza da caixa d’água vencidos desde janeiro.

O problema é ainda mais antigo em Martinópolis, na escola municipal Francisco Marques Bonilha, cuja caixa d’água não passa por limpeza desde 2023.

Procurados pela reportagem, os municípios não responderam até a publicação deste texto.

O local de preparo dos alimentos também foi vistoriado. Segundo o TCE, 21% das escolas alvos das diligências não possuem cozinhas íntegras e conservadas e os ambientes têm problemas como rachaduras (7,2%), infiltrações (9,2%) e descascamentos (18,4%).

Em Panorama, no interior de São Paulo, por exemplo, as refeições são preparadas em cozinha domiciliar na escola municipal Lourdes Martins. Procurada, a administração municipal não se manifestou.

Unidades estaduais também apresentaram problemas. Em São Manuel, na região de Botucatu, a escola Dr. Manuel Chaves tinha carne armazenada de maneira fragmentada e sem rótulo. Por sua vez, o refeitório da escola Júlio Diniz, na capital paulista, registrou a presença de pombos.

Em Tatuí, enquanto isso, equipes de fiscalização constataram verduras e legumes impróprios para o consumo na escola estadual Semiramis Turelli Azevedo.

Procurada, a Secretaria estadual de Educação disse que a pasta e suas Unidades Regionais de Ensino “analisarão os apontamentos e permanecem à disposição do órgão e de toda a comunidade escolar para prestar os devidos esclarecimentos”.

O TCE detectou também que parte das escolas serve almoço em horário inadequado. Em Bariri, por exemplo, a refeição é oferecida às 8h45 às crianças na escola municipal Professora Julieta Rago Foloni. Em nota, a prefeitura afirmou que a medida visa garantira boa qualidade do serviço.

Em Vargem Grande do Sul, por sua vez, o almoço começa já às 8h50. Procurado pela Folha de S.Paulo, o município não se manifestou.