BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal abriu um inquérito sobre o banco Master após o Banco Central passar informações ao Ministério Público Federal. As informações foram encaminhadas pelo BC com base na documentação que sustentou a decisão do órgão regulador para rejeitar a operação de compra do banco Master pelo BRB (Banco de Brasília).

As investigações estão sob sigilo e em fase preliminar. Até o momento, não houve a tomada de depoimentos dos envolvidos. O inquérito tem prazo de 30 dias, mas pode ser prorrogado.

Procurados, o Master informou que não tem conhecimento das investigações. O BRB não respondeu até a publicação desta reportagem. O BC informou à Folha que não vai comentar.

O veto da diretoria do BC à aquisição do Master pelo BRB, antecipado pela Folha, ocorreu no último dia 3 de setembro. Apenas o BRB e o Master tiveram acesso às justificativas que levaram a diretoria do BC a rejeitar o negócio. Entre as razões apontadas, estava o risco de sucessão, como mostrou a Folha.

Esse risco acontece porque o futuro responsável pelo negócio, no caso, o BRB, teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master.

O anúncio do acordo com o BRB, no final de março, agitou o sistema bancário por colocar holofotes na relação de lideranças políticas do centrão com Daniel Vorcaro (dono do Master), em suas operações arriscadas com precatórios e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e na compra e venda de ativos.

Um ponto que vem chamando atenção de pessoas a par do tema, de acordo com relatos feitos à Folha, são achados apontando que parte das carteiras de crédito consignado cedidas pelo Master ao BRB pode estar com preço sobrevalorizado. Ou seja, esses ativos podem não valer como estão registrados no balanço do banco público.

O acordo previa que o BRB comprasse R$ 23 bilhões em ativos do Master, que ficaria com cerca de R$ 48 bilhões restantes. Agora, um dos caminhos para Vorcaro é a negociação com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) na tentativa de afastar o risco de uma intervenção do BC no Master.

O FGC já fez um empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões para garantir liquidez no curto prazo ao banco. O prazo para uma eventual rolagem do empréstimo termina nesta semana. O FGC recebe aportes das instituições financeiras e honra aplicações com CDBs até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. O FGC tem sinalizado resistências a uma prorrogação da linha de assistência.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, tinha uma reunião nesta terça-feira (30) com representantes do FGC em São Paulo. Mas o encontro foi cancelado, de acordo com atualização da agenda de autoridades do BC.

A PF tem outro inquérito aberto, no ano passado, contra o Master por gestão fraudulenta e envolvimento do controlador do Master com o empresário Nelson Tanure.