SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando a arquiteta Letícia Menezes, 32, atualizou o sistema operacional do seu celular, ela não imaginou que enfrentaria duas semanas de problemas para se locomover em São Paulo. Isso porque o Cartão Top, aplicativo onde é possível adquirir bilhetes para andar de transporte público na capital paulista e no restante da região metropolitana, parou de funcionar com a atualização do iOS 26, a nova versão do sistema operacional do iPhone.

“O que me deixa chateada é que eu tinha comprado uma quantidade significativa de passagens no aplicativo, e não posso usar porque não consigo mais acessá-lo”, diz a arquiteta.

Ela atualizou o sistema no dia 15 de setembro, logo que a nova versão foi disponibilizada pela Apple. Com a atualização, os celulares contemplados receberam um novo visual com efeitos de transparência chamado Liquid Glass e novos recursos de inteligência artificial.

No entanto, a tecnologia entrou em conflito com o aplicativo Autopass, que administra o cartão Top. A empresa confirmou que alguns usuários enfrentam dificuldades para acessar o aplicativo desde a atualização do iOS.

De acordo com a empresa, foi identificada uma falha que provoca o fechamento automático do aplicativo e impede a sua abertura na nova versão do sistema. A companhia informou nesta terça-feira (30) que disponibilizou uma nova versão do aplicativo compatível para o iOS 26.

A Autopass informa que, devido à atualização do sistema operacional iOS 26, alguns usuários enfrentaram falhas no aplicativo TOP, provocando o fechamento automático do app e impedindo sua abertura. Para corrigir esse problema, já está disponível na App Store uma nova versão do aplicativo, compatível com o iOS 26 e que pode ser utilizada normalmente.

A atualização do aplicativo Top pode ser feita automaticamente, caso o usuário tenha ativado as atualizações automáticas no celular ou tablet, ou manualmente por meio da App Store.

A Autopass ressaltou que durante os dias que o serviço esteve fora do ar as vendas dos bilhetes continuaram por meio dos outros canais digitais, como WhatsApp e Google Wallet. Além das opções de compra de QR Corde e recarga nos ATMs (Automatic Teller Machine, em português, máquina de autoatendimento).

Embora Menezes e o marido tenham busca outras opções para adquirir os bilhetes, mas não tem sido simples. “Estamos comprando nas máquinas disponíveis nas estações, mas muitas vezes, elas estão com problemas também. De cinco, apenas uma funciona para comprar no ticket”, diz a arquiteta.

O casal teve que adaptar a rotina e sair mais cedo de casa. “Muitas vezes tem fila por só ter uma funcionando”, afirma ela, que teve problemas nas máquinas das estações de metrô do Tucuruvi e da Sé.

A Autopass confirmou que houve uma falha pontual na manhã desta segunda-feira (29), mas afirmou que todas as ATMs de ambas estações estão funcionando normalmente.

O bancário Eiji Viceconti, 28, também enfrenta a mesma situação em relação às filas. O resultado é um gasto a mais na rotina, já que às vezes a solução mais fácil é pedir um carro por aplicativo. Ele também não consegue mais utilizar os bilhetes comprados antes da atualização do iOS.

“A principal questão é divulgar o app como melhor opção e aí, quando vem uma atualização que é programada, todo mundo sabia que ia acontecer, eles não dão suporte. E demorar quase um mês para atualizar e deixar todo mundo sem acesso”, diz.

A assistente de relacionamento institucional Thayna Gloria dos Santos, 27, precisou adaptar o trajeto após a falha no aplicativo. Natural de Embu das Artes, ela utiliza o transporte para trabalhar na capital e precisa recorrer aos totens para comprar bilhetes e verificar o saldo. “Mesmo quando eu não vou passar pela estação, preciso mudar a rota e passar em uma só para isso”, conta.

O publicitário Gabriel Fomm, 26, sai da Baixada Santista para trabalhar presencialmente na capital algumas vezes na semana. Sem acesso ao aplicativo, ele compra os tickets via WhatsApp, processo que considera lento.

“O serviço nunca foi bom. Agora está pior”, lamenta. “Se eu soubesse que aconteceria isso, não atualizaria o iOS até ter o suporte para não ser lesado no dia a dia”.

Em nota, a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos ), informou que integra o conselho da Abasp (Associação de Apoio e Estudo da Bilhetagem e Arrecadação de Transporte Coletivo de Passageiros de São Paulo), que fiscaliza o serviço do aplicativo. No entanto, a pasta afirmou que atualizações e correções no sistema são responsabilidade da Autopass.