RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de desemprego do Brasil ficou em 5,6% no trimestre até agosto, repetindo a mínima da série histórica iniciada em 2012, apontam dados divulgados nesta terça (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O mesmo patamar já havia sido alcançado nos três meses encerrados em julho de 2025. O novo resultado veio em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que também era de 5,6%, conforme a agência Bloomberg.
Segundo o IBGE, o mercado de trabalho ainda mostra força no país, mas é possível que esteja em um período de acomodação. Isso ocorre em meio aos juros altos e antes das festas de final de ano, que costumam estimular as contratações em parte da economia.
“De fato, estamos em uma certa estabilidade, mas em um momento em que o mercado de trabalho está favorável para o trabalhador. Está aquecido”, afirmou William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE.
O desemprego estava em 6,2% no trimestre até maio, que serve de base de comparação para os dados divulgados nesta terça. O IBGE evita o confronto direto entre intervalos com meses repetidos, como é o caso dos finalizados em julho e agosto.
NÚMERO DE DESEMPREGADOS ATINGE MÍNIMA
De acordo com o instituto, o número de desempregados recuou a 6,08 milhões no trimestre mais recente. Com o resultado, o contingente renovou o menor patamar da série histórica depois de quase 12 anos.
A mínima anterior (6,10 milhões) havia sido alcançada nos três meses encerrados em dezembro de 2013.
A população desempregada é formada por pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e que seguem em busca de oportunidades.
Os dados do IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento investiga tanto o setor formal quanto o informal, que inclui os populares bicos.
A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em 102,42 milhões até agosto. Houve avanço de 0,5% ante o trimestre finalizado em maio (101,86 milhões).
O contingente, contudo, não conseguiu renovar a máxima da série. O maior número foi verificado até julho (102,44 milhões).
O IBGE destacou o aumento da ocupação em dois grupamentos de atividades na comparação do trimestre encerrado em agosto com o finalizado em maio.
São os seguintes: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+4,4%, ou mais 333 mil pessoas) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+1,7%, ou mais 323 mil).
No segundo caso, houve impacto da ampliação das contratações na educação pública, especialmente na rede municipal, de acordo com o instituto.
“A educação pré-escolar e a fundamental fazem contratações ao longo do primeiro semestre. São trabalhadores sem carteira, com contratos de trabalho temporários”, disse William.
O número de empregados no setor privado com carteira assinada foi de 39,1 milhões até agosto. O contingente renovou o recorde da série.
RENDA FICA PRÓXIMA DA MÁXIMA
Outro indicador calculado pelo IBGE é a renda mensal do trabalho da população ocupada. O rendimento foi estimado em R$ 3.488, em média, até agosto.
O valor ficou dentro da margem de estabilidade da pesquisa na comparação com o período encerrado em maio. É o segundo maior da série, próximo da máxima encontrada até junho (R$ 3.490).
O IBGE também calcula o chamado nível da ocupação, que se manteve no recorde de 58,8%. Trata-se do percentual de pessoas trabalhando (ocupadas) em relação ao total de 14 anos ou mais.
“É importante dizer que, embora não venham registrando grandes variações nos últimos meses, os dados reforçam que o mercado de trabalho brasileiro segue bastante aquecido”, disse a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.
“Acreditamos que o mercado de trabalho continuará forte nos últimos meses de 2025. Nossa projeção é de que a taxa de desemprego encerre o ano próxima a 5,5%, patamar bastante baixo para os padrões históricos do país”, acrescentou.
O mercado de trabalho vem em uma trajetória de recuperação após a pandemia. Segundo analistas, o movimento refletiu o desempenho aquecido da economia em meio a medidas de estímulo do governo federal, além de mudanças demográficas e impactos da tecnologia.
A geração de vagas de trabalho e renda serve de incentivo para o consumo. A demanda constantemente aquecida, por outro lado, pode pressionar a inflação.
Para conter o ritmo de aumento dos preços, o BC (Banco Central) promoveu um choque na taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano. Os juros altos tendem a desacelerar a economia sinais disso já apareceram no PIB (Produto Interno Bruto).