WASHINGTON, EUA E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (29) que concorda com o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito entre Israel e Hamas em Gaza.
“Eu acredito que hoje estamos dando um passo crítico para acabar com a guerra em Gaza e preparando o terreno para avançar na paz no Oriente Médio. Eu apoio o seu plano para acabar a guerra em Gaza”, afirmou Netanyahu, ao lado do americano.
A declaração foi dada em entrevista à imprensa após reunião entre os líderes, na Casa Branca. Segundo Trump, se o Hamas concordar com a ideia, a guerra deverá acabar imediatamente.
Trump disse estar “ouvindo” que o Hamas também quer que isso seja resolvido. “Se o Hamas recusar o acordo… isso é possível, mas acho que eles aceitarão. Caso contrário, Israel terá meu total apoio para fazer o que for preciso para destruir o Hamas”, disse o presidente americano.
Netanyahu reforçou que, se o Hamas não apoiar o plano, ele eliminará o grupo do jeito dele. “Isso pode se dar de um jeito fácil ou do jeito difícil”, disse o premiê israelense.
Pouco antes da entrevista, a Casa Branca divulgou o plano de Trump para encerrar o conflito, que tem 21 pontos.
Um deles prevê que Trump será o chefe do “Conselho da Paz”, que incluirá também o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o que foi citado pelo presidente dos EUA durante a entrevista. Esse órgão será responsável por supervisionar o futuro governo de Gaza, formado por “tecnocratas palestinos”.
O americano afirmou que desta vez, os países estão muito próximos de chegar à paz.
“Israel coexistirá com outros povos e países na região, da Síria ao Líbano à Arábia Saudita. Isso é o mais próximo que já chegamos da paz, paz de verdade, não uma paz de tolo.”
“Esperamos que até mesmo o Irã faça parte desse acordo [de reconhecimento diplomático de Israel]. Acho que isso é possível. Queremos ter boas relações com o Irã”, continuou o presidente americano.
Trump mencionou as manifestações organizadas por famílias de reféns em Israel. “Por alguma razão, Bibi, eles gostam de mim, não sei por quê”, afirmou, em relação a cartazes nos atos que pedem a intervenção do republicano para encerrar a guerra e recuperar os reféns.
O presidente americano disse ainda que os ataques de Israel que destroem mesquitas e hospitais são “uma maneira terrível de lutar”.
Trump ainda criticou a decisão da maioria dos países de apoiar a criação do Estado da Palestina, ao contrário do que defendem os EUA e Israel. Na semana passada, dezenas de delegações, incluindo a do Brasil, deixaram o plenário da Assembleia-Geral das Nações Unidas antes do discurso de Netanyahu.
“Netanyahu foi muito claro em relação à sua oposição de um Estado palestino, e eu respeito isso, mas o que o primeiro-ministro está fazendo agora é muito, muito importante para Israel.”
O plano de Trump prevê que Gaza seja governada temporariamente por um “comitê palestino de transição, tecnocrático e apolítico”. Esse colegiado administraria os serviços na região e deve ser formado por especialistas internacionais e palestinos “qualificado”.
O comitê seria supervisionado por um novo órgão chamado “Conselho da Paz”, que seria, por sua vez, presidido pelo próprio Trump e outros chefes de Estado, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair.
“Esse órgão definirá a estrutura e cuidará do financiamento para a reconstrução de Gaza, até que a Autoridade Palestina conclua seu programa de reformas conforme proposto em diferentes iniciativas, incluindo o plano de paz de Trump de 2020 e a proposta saudita-francesa e possa reassumir o controle de Gaza de forma segura e eficaz”, diz o plano divulgado pela Casa Branca.
O plano de Trump ainda prevê anistiar integrantes do Hamas que concordarem com o plano e facilitar a saída deles de Gaza.
A proposta prevê que Gaza será desmilitarizada e que ninguém será forçado a deixar a região. “Incentivaremos as pessoas a permanecerem e ofereceremos a oportunidade de construir uma Gaza melhor”, diz o plano. Em outros momentos, Trump chegou a falar sobre a saída forçada da população de Gaza.
O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos divulgou um comunicado com a oração Shehecheyanu em resposta ao anúncio do presidente dos EUA, o que expressa gratidão.
Nesta quinta, durante sua fala, Trump voltou a falar da falha de seu telepromter durante Assembleia-Geral da ONU. “Talvez acabou sendo melhor, porque falei do coração”, disse.
Antes da declaração à imprensa, a Casa Branca também informou que o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman, e pediu desculpas pelo ataque em Doha no início de setembro e afirmou que a ação não se repetirá, de acordo com pronunciamento da Casa Branca.
O gesto ocorreu em ligação trilateral, com a participação de Trump.