BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Brasil gerou 147 mil vagas de trabalho formal em agosto, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta segunda-feira (29) pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O número representa uma queda na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando houve 239 mil postos criados.

O resultado em agosto é fruto de 2,2 milhões de contratações e de 2 milhões de desligamentos. O número veio abaixo da expectativa de economistas consultados pela Bloomberg, que previam criação de quase 182 mil vagas.

No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo é de 1,4 milhão de empregos formais criados, também uma redução na comparação com o período entre setembro de 2023 e agosto do ano passado.

O setor com maior número absoluto de novas vagas foi o de serviços, com 81 mil postos formais. Neste, os destaques são para administração pública e de informação, com 39 mil e 12 mil, respectivamente. O segundo setor com maior saldo foi de comércio, com 32 mil novos postos formais.

Dentre os maiores setores, a agropecuária foi o único que registrou saldo negativo, com menos 2.665 postos formais de trabalho. Segundo o MTE, a queda maior foi para o cultivo de café, que registrou uma redução de 10 mil nos empregos com carteira assinada, motivada pelo fim da safra.

Por estado, as maiores altas foram na Paraíba, onde houve aumento de 1,61% no total de empregos formais, seguido pelo Rio Grande do Norte, com 0,98%, e Pernambuco, com 0,82%. Este último também teve o terceiro maior saldo de novos postos, de 12 mil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

O estado com menor saldo foi o Rio Grande do Sul, onde houve uma queda de 0,06%, com uma redução de 1.648 no total de postos criados.

Segundo o ministro Luiz Marinho, de Trabalho e Emprego, há um pequeno impacto nas tarifas de Trump, mas o principal motivo por trás da desaceleração é a alta do juros.

“Há alguma influência da tarifa, que pode impactar um pouco no Rio Grande do Sul. O maior impacto é do juros. A tarifa impacta em alguns setores específicos, especialmente que trabalham com exclusividade para produtos para o comércio americano. O juro interfere no conjunto da economia, não nos setores específicos. Ele pega pesado no ritmo do crescimento.”

Hoje, a Selic está em 15% e, segundo o Copom (Comitê de Política Monetária), deve permanecer elevada por um tempo prolongado. O ministro criticou a decisão do Banco Central em manter a taxa nesse percentual.

“Espero que não permaneçam com tarifas absurdas praticadas na economia brasileira. Não sou especialista no assunto, mas a experiência me diz que é um equívoco respaldado por muitos. Espero que santos dos juros baixos possam atacar.”

Neste mês, um estudo da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) com base em dados do Caged já havia mostrado que a criação de empregos formais tem desacelerado no país, apesar do saldo positivo ao longo deste ano. A exceção é o setor de agropecuária, que também teve queda em agosto.