RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um edital publicado na sexta-feira (26) pelo MEC (Ministério da Educação) alterou regras para abertura de novos cursos de medicina no país e vai permitir, na prática, que a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) passe a oferecer graduação nessa área a partir de 2026.

O novo texto do edital permite que instituições comunitárias de ensino superior, como a PUC, ofertem o curso desde que tenham parceria com hospitais públicos para uso durante o curso.

A graduação de medicina era um pleito da PUC-Rio havia dez anos —a universidade tem apenas curso de pós-graduação. Outras PUCs do país, como a do Rio Grande do Sul e a de Goiás, já oferecem o curso de medicina. Na PUC-SP, a graduação é ofertada no campus de Sorocaba, no interior do estado.

Um edital publicado pelo MEC em abril de 2024 autorizava a abertura de cursos de medicina administrados por mantenedoras de unidades hospitalares. A alteração publicada no DOU (Diário Oficial da União) na sexta traz regras para instituições de ensino superior classificadas como comunitárias.

O reitor da PUC-Rio afirma que um projeto pedagógico para o curso já estava preparado, mas a suspensão da abertura de novos cursos durante governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) impediram a concretização. Os editais lançados a partir de 2023 não se encaixavam no perfil institucional da universidade católica.

A tentativa de autorização envolveu, nos últimos meses, encontros do reitor da PUC-Rio, padre Anderson Pedroso, com o ministro Camilo Santana (Educação) e também articulação do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).

“A pasta se mantém em constante diálogo com os atores diversos relacionados à formação médica no país, de forma a aprimorar os mecanismos de regulação da Medicina e garantir oferta e qualidade”, afirmou o Ministério da Educação, em nota.

Em agosto, Paes e o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, assinaram ofício oferecendo 747 leitos de unidades de saúde municipais para futuros estudantes de medicina da PUC.

Hospitais municipais como o Miguel Couto, a 700 metros da PUC, além de sete clínicas da família e sete postos de saúde foram oferecidos para o curso.

PLANOS

A PUC-Rio planeja turmas a partir do ano que vem com 108 vagas anuais. Segundo o padre Pedroso, um dos focos da universidade é atuar na diminuição dos índices de tuberculose da Rocinha, favela em São Conrado localizada a pouco mais de 1 km do campus, na Gávea, zona sul carioca.

Desde 2022, a média de incidência de tuberculose no município do Rio é de 103 casos a cada 100 mil habitantes. Boa parte dos casos estão em Bangu, bairro que recebe o complexo prisional de Gericinó, e na Rocinha.

Dados do Ministério da Saúde apontam que houve mais de 85 mil casos de tuberculose no Brasil em 2024, e o estado do Rio lidera os registros, com 18 mil casos.

“Estamos numa cidade onde, ao lado da universidade que é considerada a melhor privada do país, a tuberculose não foi vencida. Como reitor, não posso estar tranquilo com isso”, afirmou Pedroso.

“Queremos que os professores e os projetos de pesquisa estejam voltados para o entorno. Para o ministro da Saúde, resolver o problema da Rocinha é uma coisa extraordinária. Há uma questão grave de saúde pública ali.”

As formas de ingresso na PUC-Rio são através do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e do vestibular próprio, que este ano será realizado nos dias 12 e 19 de outubro. Também há vagas via exames internacionais. A universidade tem mensalidades de até R$ 6.300, com oferta de bolsas a partir dos resultados no vestibular.

Ainda não há confirmação de quanto será a mensalidade do curso de medicina.

Na pós-graduação médica, a PUC-Rio oferece cursos em especialidades como psiquiatria, neurologia, cardiologia e cirurgia plástica há 70 anos.