SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O corpo da atriz Berta Loran vai ser sepultado nesta terça-feira (30), às 11h, no Cemitério Israelita de Belford Roxo, no Rio de Janeiro.
O féretro sairá da Capela às 10h. A informação foi confirmada por João Luiz Azevedo, biógrafo da atriz.
Berta morreu na noite deste domingo (28), aos 99 anos. Ela estava internada no Hospital Copa D’Or, que não foi autorizado pela família a revelar a causa da morte.
CARREIRA
Basza Ajs, nome de registro da artista, nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 23 de março de 1926. Ela veio com os pais e os cinco irmãos para o Brasil em 1937, fugindo do nazismo na Europa. “Nosso navio era igual ao do filme Titanic, viajamos na terceira classe. A gente dançava, cantava…”, disse em entrevista à Quem em 2011.
Se instalou no Rio de Janeiro, e começou como a atriz em teatros judaicos por incentivo do pai, que era ator e alfaiate. Aos 20 anos, casou-se com Suchar Handfuss, ator judeu radicado em Buenos Aires, 31 anos mais velho.
Recém-casada, morou dois anos na Argentina. Depois, o casal morou sete anos em Portugal, onde Berta destacou-se como atriz no teatro.
A artista estreou no cinema na década de 1950. Esteve em produções como “Sinfonia Carioca” (1955), “Papai Fanfarrão” (1957) e “Garotas e Samba” (1957).
Ela retornou ao Brasil e se separou de Suchar em 1961. Berta admitiu que não gostava do primeiro marido. “Era pobre e depois ainda descobri que era viciado em jogo. Nunca me deu nada, nem de comer. Mas queria ser uma atriz como ele, então, quando disse que queria casar comigo, falei: “Negócio fechado”. Foi um péssimo negócio”, contou à Quem.
Na TV, se destacou como comediante. Fez diversos programas como Faça Humor, Não Faça Guerra, Satiricom, Planeta dos Homens e Escolinha do Professor Raimundo.
Casou-se pela segunda vez aos 37 anos com o comerciante de ascendência polonesa Júlio Marcos Jacoba. Com ele, tentou ter filhos, mas não conseguiu em decorrência dos abortos realizados durante o primeiro casamento. As complicações resultaram numa histerectomia.
Não pude ter filhos. Fiz dois abortos do velho. A gente morava em pensão e não tinha o que comer. Antigamente eles enfiavam uma gilete na gente. Não sei como não morri. Depois, fui a um grande médico e ele disse que eu não tinha mais útero, que teria que arrancar tudo. Berta Loran em entrevista à Quem em 2011
Em comparação à carreira de mais de 70 anos, fez poucas novelas. Estreou em “Amor com Amor Se Paga” (1984), depois fez “Cama de Gato” (2009), “Ti Ti Ti” (2010), “Cordel Encantando” (2011) e “A Dona do Pedaço” (2019).
Seu último papel foi em “Juntos e Enrolados” (2022), filme que fez uma participação ao lado de Rafael Portugal e Cacau Protásio. Em 2016, teve sua história contada na biografia “Berta Loran: 90 anos de humor”, escrita pelo produtor cultural João Luiz Azevedo.