RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Uma usina fabricante de açúcar e etanol no oeste paulista inaugurou uma planta para produzir biogás a partir de resíduos de cana-de-açúcar e de esterco animal de uma granja no entorno de Paraguaçu Paulista.

A planta iniciou as operações no último sábado (27) e é a segunda do grupo Cocal a produzir o biometano, após um investimento de R$ 216 milhões, em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A usina não informou qual é o investimento próprio nem o prazo para pagamento.

A usina utiliza a vinhaça (resíduo de fabricação do álcool), a torta de filtro (resíduo do processo de clarificação do caldo do cana) e a palha na produção do biogás, além de esterco animal da Granja Shida.

O acordo com a granja estabelece que ela forneça esterco e efluente residual para a Cocal produzir o biometano, enquanto a usina entrega energia elétrica renovável e o biometano para o funcionamento dos aquecedores das aves, além da iluminação e operação geral da empresa.

A capacidade instalada da nova unidade é de até 60 mil metros cúbicos por dia do gás renovável no período de safra, dos quais mil metros cúbicos retornarão para a granja.

A Cocal foi inaugurada em 1980 com o objetivo de produzir etanol e, em 2000, iniciou a geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar. O grupo entrou no mercado de biogás em 2021, com uma planta em Narandiba, também no oeste de São Paulo.

A produção de um litro de etanol resulta em 12 litros de vinhaça, enquanto a moagem de uma tonelada de cana representa 30 quilos de torta de filtro, o que significa abundância de matéria-prima para a geração do biometano, já que a Cocal tem sob sua gestão 152 mil hectares de cana e moeu 8,7 milhões de toneladas de cana na última safra. A produção foi de 720 mil toneladas de açúcar e de 400 milhões de litros de etanol.

Produzir o biogás também gera resíduos, que serão utilizados no campo. Conforme a usina, após a produção as matérias biodigeridas usadas no processo ficam ricas em nutrientes e voltam para a área de produção como biofertilizantes.

Segundo a Cocal, usina associada à Copersucar, a distribuição do biometano será feita via GNC (gás comprimido em cilindros transportados por meio de caminhões), para atender qualquer cliente industrial ou comercial.

André Gustavo Alves da Silva, diretor comercial e de novos produtos do grupo Cocal, afirmou que 50% do biometano produzido já está contratado com clientes atuais e o restante está em processo de negociação, inclusive com a possibilidade de conexão em Marília com a Necta (companhia de distribuição de gás).

Se isso se concretizar, poderá ser distribuída pelo país por meio do gasoduto da companhia. A usina está distante 80 quilômetros do ponto de conexão.

Além de criar uma segunda planta, a Cocal anunciou o crescimento da sua frota de caminhões, tratores e veículos leves que já operam exclusivamente movidos a biometano nas atividades agrícolas em Narandiba.

A meta com a inauguração da unidade em Paraguaçu Paulista é alcançar mais de 60 equipamentos operando com biometano, o que evitaria o uso de cerca de dois milhões de litros de diesel até o final da safra 2025/26, em março do próximo ano.

“O biometano, quando você compara com o preço do diesel, além de ele ter economia de 95% das emissões de CO2, que para a gente é o principal ponto, ele também é muito competitivo quando comparado com o preço do diesel atual. A nossa experiência aqui é uma redução de 30% no custo dessa migração”, disse Silva.