SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército de Israel intensificou sua ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, aproximando tanques de hospitais da região, horas antes de um encontro entre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (29).
A reunião na Casa Branca ocorre um dia após o republicano escrever na sua plataforma, a Truth Social, que há uma “oportunidade real de alcançar algo grandioso no Oriente Médio”. “Todos a bordo para algo especial pela primeira vez. Vamos conseguir!”, escreveu, em suas usuais letras maiúsculas.
Trata-se da quarta visita de Netanyahu à Casa Branca desde que Trump retornou ao poder, em janeiro. O encontro acontece no momento em que o americano, seguro de que encerraria o conflito rapidamente uma vez que chegasse ao poder, sofre pressão crescente para alcançar uma trégua.
O Fórum das Famílias de Reféns, grupo que representa muitos sequestrados nos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, enviou uma carta a Trump pedindo para que o americano não permita uma obstrução do acordo proposto pelos EUA. “Os riscos são muito altos, e nossas famílias esperaram tempo demais para que qualquer interferência descarrile este progresso”, diz o documento.
Após quase dois anos de esforços diplomáticos fracassados, Washington apresentou um plano de 21 pontos a Estados árabes e muçulmanos na semana passada que inclui um cessar-fogo permanente e a libertação dos reféns restantes.
Mesmo com a pressão, Israel parece estar resistente ao acordo. Uma fonte familiarizada com as discussões disse à agência de notícias Reuters que autoridades de Tel Aviv se preocupam com a proposta de envolvimento de forças de segurança palestinas na Faixa de Gaza após a guerra e a falta de clareza sobre a expulsão do território de membros do Hamas.
O grupo terrorista, por sua vez, diz estar disposto a libertar seus reféns em troca do fim da guerra, mas afirma que não entregará suas armas enquanto os palestinos ainda estiverem lutando por um Estado. A facção disse que ainda não viu nenhuma nova proposta de paz dos EUA.
Desde os atentados no sul de Israel, há quase dois anos, Israel afirma que o objetivo da guerra é eliminar o grupo. Sob essa justificativa, Tel Aviv devastou o território palestino e, agora, avança sobre a Cidade de Gaza, onde mais da metade da população de 2,2 milhões de habitantes morava antes do conflito.
Na mais recente ofensiva, Israel arrasou bairros da Cidade de Gaza, explodindo edifícios que os militares afirmam que eram usados pelo Hamas. Centenas de milhares de residentes fugiram novamente após retornarem às suas casa no cessar-fogo de janeiro, embora muitos digam que não há para onde ir -Israel pede que eles se dirijam para o sul, onde outras cidades já foram arrasadas e grande parte da população está amontoada em acampamentos de tendas.
De acordo com autoridades de saúde do território, tanques israelenses avançaram até poucos metros do principal Hospital Al-Shifa da Cidade de Gaza, onde médicos dizem que centenas de pacientes ainda estão sendo tratados apesar das ordens israelenses para sair. O centro de saúde, que já foi o maior da Faixa de Gaza, opera parcialmente após ser atacado por Israel em outras ocasiões da guerra.
Tanques também teriam cercado a área ao redor do hospital Al-Helo, onde 90 pacientes estavam sendo tratados, incluindo 12 bebês em incubadoras. Segundo médicos, o hospital foi bombardeado durante a noite e o Exército matou ao menos 18 pessoas em todo o território nesta segunda, a maioria na Cidade de Gaza.
Abu Abdallah, abrigado com quase duas dezenas de familiares em tendas ao longo da costa da Cidade de Gaza, disse à Reuters que a família está esperando a reunião na Casa Branca para decidir se fugirá para o sul. “Ou é paz ou a Cidade de Gaza será arrasada, assim como Rafah foi”, disse ele, referindo-se à cidade no sul do território que Israel destruiu completamente ao longo da guerra.