ANGRA DOS REIS, RJ (FOLHAPRESS) – Conforme a alta temporada se aproxima, lanchas de todos os tamanhos lotam o mar. São turistas que vão atrás das famosas ilhas e praias que encantaram os abastados personagens das novelas da década de 2000. Para realmente conhecer Angra dos Reis -costumam dizer- é fundamental ir para o alto mar. Será mesmo?
Quem nasceu ou mora na cidade costuma ter um roteiro um pouco diferente nos dias quentes. De ônibus, carro ou a pé, as praias do continente têm tanto quanto a oferecer.
Com tempo curto, a escolha precisa ser certeira. Angra é uma cidade extensa, com muitas opções ao longo da rodovia Rio-Santos (BR-101), o que lembra bastante Ubatuba. Assim, ter um carro à mão faz diferença.
A partir de Paraty, no sentido Rio de Janeiro, a primeira região é de Mambucaba, distrito com hospedagens de todos os estilos, restaurantes e muitas praias. É um pouco depois dali -a cinco quilômetros- onde estão as duas usinas nucleares brasileiras, que levam o nome do município: Angra 1 e Angra 2, assim como o canteiro de obras de Angra 3.
Os angrenses já estão acostumados, mas muita gente leva um susto ao ver as instalações encravadas em meio à mata atlântica preservada, bem na beira do mar. É mesmo um baita contraste. Mas essa impressão, seja boa ou má, logo passa com o visual que surge na curva seguinte: uma série de pequenas praias compõem a enseada de Piraquara, cujo acesso principal é na altura do km 513.
A primeira das praias da enseada é a do Laboratório, nome que foi de certa forma trocado pelo apelido praia de Águas Quentes, quando ela viralizou nas redes sociais devido à transparência e temperatura acima da média. O motivo para isso é o processo de resfriamento das usinas nucleares que ficam ali perto. Elas usam água do mar para troca de calor, mas não há riscos porque todo o processo é feito indiretamente. A cor do mar e a vida marinha impressionantes afastam qualquer suspeita.
Bem ao lado fica a praia Secreta, onde pedras gigantes impedem a vista da faixa de areia de quem chega por ali de barco. No fim da praia, está a trilha para a mais reservada -e mais bonita- opção da enseada de Piraquara: a praia da Guariba. Também é possível acessá-la diretamente pela rodovia, logo depois do acesso principal.
Para quem não conhece a Rio-Santos, vale um lembrete. Ela acompanha a geografia local, contornando morros íngremes e serras com desfiladeiros bem próximos ao mar. Como está próxima a uma área de preservação, Piraquara tem rica vida marinha é perfeita para mergulho e atividades como stand-up paddle. Afinal, Angra não tem ondas.
Algumas dicas a mais: vá à enseada em dias mais frescos, já que a água sai da usina nuclear com até 35 graus célsius. A temperatura é perfeita para quem também passa o outono e o inverno na região e não dispensa pular no mar. As três praias não têm restaurantes nem bares, mas em fins de semana de verão até é possível encontrar ambulantes. No verão, chegue cedo para estacionar próximo à faixa de areia e evitar a chuva. Depois das 15h, é certo que o tempo vira na região de Angra e Paraty. Quer sol? Aproveite a manhã.
Já na região central de Angra dos Reis, cerca de 35 quilômetros depois, as praias preferidas dos angrenses ficam no circuito da Estrada do Contorno. São uma série de pequenas enseadas e faixas de areia uma após a outra.
Vale a pena ter um pouco de paciência e seguir até as últimas: a praia do Leste, virada justamente para onde nasce o sol, e a praia do Tanguazinho, a mais isolada e selvagem. Na maré baixa, é possível curtir também a minúscula praia da Gruta. Nessa, virada para o oeste, a atração principal é o pôr do sol.
Encontrar vagas por ali é difícil nos finais de semana, por isso mais uma vez vale aproveitar as manhãs de sol para chegar cedo. O melhor ainda assim é pedir um carro por aplicativo ou táxi a partir do centro da cidade. Nesse caso, sente do lado esquerdo e olhe pela janela.
Você vai ver as ilhas de Angra e entender por que as ondas não tem vez na região. A calmaria do mar lembra até lagoa, resultado da proteção fornecida pela Ilha Grande, outra das joias da Costa Verde. A Estrada do Contorno é uma das partes mais bem servidas de infraestrutura em Angra, com hotéis, pousadas, agências de turismo. Também fica próxima a pontos de mergulho e das ilhas da Gipóia e Botinas.
Ao seguir no sentido Rio, uma das últimas praias da cidade é a da Sororoca, já próxima à divisa com o município vizinho de Mangaratiba. Ali, assim como em Piraquara, a rodovia corta as montanhas em desfiladeiros bem acima do mar. No quilômetro 453, saia da Rio-Santos numa rua de paralelepípedos à direita.
Cerca de 500 metros depois, há espaço para estacionar. Do lado esquerdo, você verá as praias do Garatucaia, Conceição de Jacareí e Caetés ao longo. Já no lado direito, ao entrar na trilha que dá acesso à praia, se prepare: a Ilha Grande está imponente bem ao fundo. É de tirar o fôlego. Depois de 20 minutos de descida, se chega à faixa de areia. O maré bastante transparente e com algumas ondas em dias de mar agitado, mas são pequenas.
Para quem chega a partir do Rio, o roteiro é o inverso. A Sororoca é justamente uma das primeiras praias, o que facilita até um bate e volta. Da primeira à última faixa de areia, a rodovia atravessa Angra dos Reis ao longo de mais de 60 quilômetros de curvas que contornam o litoral recortado. Angra definitivamente não é uma cidade para ser conhecida só navegando. Ela é perfeita também para uma road trip.