(FOLHAPRESS) – O conto da refinaria fantasma, risco de apagão na Casa Branca deixa o mercado tenso, Vale Tudo mostra que TV ainda dá muito dinheiro e o que importa no mercado nesta segunda-feira (29).
**O CONTO DA REFINARIA FANTASMA**
Nem Mary Shelley, nem Edgar Allan Poe. Os autores do conto da refinaria fantasma são a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e a Receita Federal.
A ANP interditou a refinaria de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, operada pela Refit -ação comemorada pelo setor petroleiro.
COMO ASSIM?
A suspeita é que a planta não refinava combustível e, na verdade, era usada apenas como forma de sonegar impostos de importação.
A principal hipótese é que a empresa estaria comprando nafta petroquímica e revendendo como gasolina para obter vantagens tributárias. O primeiro produto tem carga tributária bem menor.
Ainda foram encontradas inconformidades operacionais, contábeis e de segurança pela ANP -ou seja, a coisa vai além da questão tributária.
CASA CAIU
A interdição faz parte da segunda fase da operação Carbono Oculto -aquela que investigou a infiltração do PCC na Faria Lima e no setor de combustíveis. A Refit foi citada na primeira fase como fornecedora de combustíveis a distribuidoras ligadas ao PCC.
A Refit, especializada no refino de petróleo, domina cerca de 30% do mercado de gasolina do Rio de Janeiro. Em recuperação judicial, a empresa tem dívidas bilionárias pelo não recolhimento de impostos nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
A refinaria é comandada por Ricardo Magro, figura com ligações importantes no mundo da política e apontado como maior sonegador do Brasil, o que ele nega.
A interdição de Manguinhos é vista com bons olhos pelo mercado formal de combustíveis, como uma indicação de que o cerco está se fechando em torno de Magro.
O empresário afirma que tem sido perseguido pelas grandes empresas, incomodadas com sua concorrência, e que é ameaçado pelo PCC por atuar contra a facção, ajudando as autoridades.
Ele jogou o nome da Cosan na roda: disse que a empresa de Rubens Ometto sabota a Refit por ela representar um risco ao modelo de negócios tradicional do setor
**O ÚLTIMO APAGA A LUZ**
Se você leu por aí a palavra apagão relacionada ao governo americano, saiba que não se trata de um corte de energia na Casa Branca. O problema é um pouco mais complicado do que isso.
De tempos em tempos, o financiamento das instituições federais fica por um fio, dependendo de um acordo entre os dois principais partidos no Congresso para continuar. Se a conciliação não acontecer até 30 de setembro -dia também conhecido como amanhã- a economia americana passará por mais um teste importante.
Apagão ou shutdown é o termo usado para a paralisação parcial das atividades do governo federal quando o Congresso não aprova leis ou resoluções que autorizem o aumento dos gastos públicos.
Isso acontece porque a lei americana determina que nenhum gasto federal pode ser feito sem a autorização do Legislativo.
Normalmente, as discussões duram poucos dias -mas nada no governo Trump é normal. Parece que democratas e republicanos não estão dispostos a chegar a uma decisão rapidamente.
TÁ, E DAÍ?
Se a parada for prolongada, o resultado poderia ser mais uma rodada de sofrimento para consumidores e empresas americanas. Muitas já penam com o tarifaço e as expulsões em massa de imigrantes, que representam uma força de trabalho importante no país.
Como regra geral, cada semana em que as operações federais são fechadas pode reduzir cerca de um décimo de ponto percentual da produção econômica total da nação naquele trimestre.
Uma diferença clara da administração Trump para as outras é que, nas demais vezes, os funcionários eram colocados em uma licença não remunerada no período de shutdown. Agora, a Casa Branca instruiu as agências federais a prepararem planos de demissão em massa, explica Eduardo Grübler, gestor da AMW (Asset Management by Warren).
Uma queda acentuada e prolongada nos gastos federais tende a ter um efeito cascata, eventualmente reduzindo gastos do consumidor, contratados privados e outras atividades comerciais. Empresas podem ter acesso dificultado a empréstimos federais, fonte importante de financiamento.
Tudo é uma questão de força. Um apagão demonstra ao mercado que o governo americano está rachado e passa por dificuldades com as medidas de Trump, o que é um mau sinal para a estabilidade das finanças.
**VALE TUDO PARA ENRIQUECER?**
Qual é o principal legado de uma novela? Cravar bordões? Prender a audiência por capítulos a fio? Fazer com que gerações lembrem dos personagens?
A reinvenção de Vale Tudo, da Globo, é a novela de maior faturamento da história -foram 87 ações comerciais executadas até o momento.
No mercado, estima-se que a emissora tenha arrecadado mais de R$ 200 milhões em publicidade com a trama de Manuela Dias, uma quantia bem acima do padrão.
“Vale Tudo” tem média de 23 pontos de audiência desde a estreia na Grande São Paulo, principal mercado de televisão do Brasil. Cada ponto equivale a 199 mil telespectadores na capital paulista.
Até então, o remake de “Pantanal” (2022) era quem detinha esse recorde.
PUBLI PARA LÁ, PUBLI PARA CÁ
Essa é uma queixa dos telespectadores do folhetim nas redes sociais. Não é para menos, a atual novela das nove da emissora tem média de uma propaganda a cada 50 minutos exibidos ao longo de seus 150 capítulos até aqui.
Ao todo, 23 marcas assinaram contrato para ter uma publicidade dentro do conteúdo da novela -forma mais cara de patrocínio, quando os personagens da história interagem com o conteúdo.
Entre elas, nomes de peso como Vivo, BYD, Coca-Cola, Ambev, Uber, Dove, Omo, Comfort, Amazon, Paramount, Johnson Baby, Electrolux, RAM, O Boticário, L’Oréal, Hapvida, Chilli Beans, Cimed, Abbott, Copagaz, Coral e iFood.
A faixa ainda conta com o patrocínio fixo do Itaú.
Em média, trata-se de um merchandising a cada dois capítulos -eles variam entre 30 e 55 minutos, dependendo do dia de exibição.
TV AINDA DÁ DINHEIRO?
Ô se dá. O veículo ainda detém 36,5% do bolo publicitário total do Brasil -o valor investido em propaganda na internet só ultrapassou o empregado na televisão em 2024. Isso ajuda a dimensionar o impacto da TV aberta no Brasil.
As empresas continuam investindo muito para anunciar para o sofá dos brasileiros. Patrocinar o horário nobre da Globo custava R$ 338,5 milhões na cota anual, segundo plano comercial da emissora acessado pelo UOL Splash.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
PARA TUDO
Um negócio milionário de cobre da Vale envolve uma disputa judicial com a ex-mulher de Carlinhos Cachoeira. A mineradora pagou R$ 50 milhões para ter controle de área em Canaã dos Carajás (PA), mas compra travou na Justiça.
BOMBA N’ÁGUA
Enterrada, a fusão entre Gol e Azul estava congelada pelas empresas há meses.
O VENTO LEVOU
Metalúrgicos da Toyota aprovam pacote com férias e suspensão de contratos após destruição de fábrica em ventania.