SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Seu Jorge saca o celular, conecta-o a uma caixa de som e dispara uma música. “Que estética é isso aí? É Bahia”, ele diz, conforme balança a cabeça ao embalo de “Tribal United Dance”, do disco “Omelete Man”, que Carlinhos Brown lançou em 1998. “Essa bateria é Michael Jackson. Os sopros, Earth, Wind & Fire. Está tudo lá. É preto. É brasileiro. Chato, né?”

Na sede de sua produtora, a Black Service, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, o cantor recorreu à música para tentar explicar o que foi buscar em Salvador ao fazer o disco “Baile à la Baiana”, lançado em fevereiro. Seu Jorge apresenta o show do álbum na noite deste sábado (27), na Vibra, na zona sul da capital paulista.

O trabalho resulta da convivência com dois músicos baianos, Peu Meurray e Magary Lord, mas também das andanças de Seu Jorge na cidade com maior população negra fora da África. “Salvador é o lugar para se estar”, ele diz. “Em Salvador, eu estava convivendo com o jeito negro. É diferente. E estava em busca de uma sonoridade compatível com minhas influências.”

Esteticamente, ele buscou mesclar o funk e soul carioca que o formou —da banda Black Rio, Sandra de Sá, Tim Maia e Vitória Régia e Jorge Ben Jor com a Banda do Zé Pretinho— com as influências dos amigos com quem colaborou. Entre elas estão a música de Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Timbalada, Olodum e Carlinhos Brown.

O disco “Alfagamabetizado”, que o fundador da Timbalada lançou em 1996, diz Seu Jorge, é o “maior álbum feito naquela década”. “Aí vejo Peu, Magary, Jauperi… todos meus contemporâneos, só que à distância, fazendo um som que me interessava. Parei em Salvador a convite de Margareth Menezes, uma amiga me levou ao [espaço cultural] Galpão Cheio de Assunto, e pirei naquele lugar —e nas músicas.”

Dançante e profundamente carregado pelo ritmo, “Baile à la Baiana” é o primeiro disco de músicas inéditas de Seu Jorge em dez anos, ou desde o segundo volume de “Músicas para Churrasco”, de 2015. Mistura “carimbó, atabaque e funk”, como ele canta em “Sábado à Noite”, uma das faixas do álbum.

Mais que isso, especialmente na segunda metade da obra, o cantor entremeia seu balanço em levadas de black semba —como Magary Lord chama sua mistura do ritmo angolano com black music e música latina—, da chula do Recôncavo Baiano, do fricote e da lambada —esta, gênero do Norte do Brasil que encontrou morada na Bahia. É a incursão de Seu Jorge na linhagem de afropop desenvolvida por Carlinhos Brown desde os anos 1990.

Além do cardápio rico em grooves, Seu Jorge afirma que o álbum “Baile à la Baiana”, e seu respectivo show, é um convite à descontração e à festa. “É um ambiente de música feliz, alegre e com BPM [batidas por minuto] para cima. Não há nada mais revolucionário do que você mostrar alegria. Sampleando Jim Carrey, quero roubar a atenção das pessoas que estejam naquele momento comigo.”

SHOW ‘BAILE À LA BAIANA’

– Quando Sábado (27), às 22h

– Onde Vibra São Paulo – av. das Nações Unidas, 17955 – São Paulo

– Preço A partir de R$ 140

– Autoria Seu Jorge

– Link: https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/seu-jorge-baile-a-la-baiana-14747

BAILE À LA BAIANA

– Onde Nas plataformas digitais

– Autoria Seu Jorge

– Gravadora Black Service