SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Artistas e personalidades da cultura defendem, em um vídeo que circula nas redes sociais, a Sustenidos, administradora do Theatro Municipal de São Paulo. O filme de dois minutos é divulgado no mesmo dia em que sindicatos de músicos, um municipal e outro estadual, criticaram a gestora, envolvida agora num processo que pode levar ao rompimento de seu contrato com a prefeitura.

Intitulado “Não ao Desmonte do Theatro Municipal”, o vídeo abre com a atriz Camila Pitanga afirmando que o Municipal é um patrimônio de São Paulo e do país. Em seguida, a também atriz Denise Fraga diz que o teatro “tem apresentado uma programação bonita, diversa, e cuidado do acervo com muita atenção”, além de circular com seus corpos artísticos pela cidade.

Grace Passô, diretora da ópera “Porgy and Bess”, agora em cartaz no palco municipal, diz que a equipe da casa de espetáculos está “comprometida com a excelência e democratização da cultura, além de ser responsável pela maior política de inclusão na história do teatro”.

Por fim, a atriz indígena Zahy Tentehar, que atuou na montagem de “O Guarani” exibida no Theatro Municipal, pede a manutenção do contrato da Sustenidos até o final do período acordado com a prefeitura, em maio de 2026. “O teatro precisa de estabilidade para brilhar”, ela diz.

Em paralelo ao vídeo, há um abaixo-assinado que já reuniu quase 11 mil assinaturas em defesa do Theatro Municipal.

Na semana passada, o prefeito Ricardo Nunes pediu a rescisão do contrato da administradora com o teatro. Isso aconteceu após um funcionário da Sustenidos ter comemorado o assassinato do influenciador trumpista Charles Kirk. Nas redes sociais, Pedro Guida, diretor de elenco do Municipal, republicou um vídeo de um americano que afirmava que Kirk era nazista.

O imbróglio expõe uma guerra ideológica conflagrada nos últimos quatro anos.

De um lado, a Sustenidos teve sua direção artística orientada por pautas ligadas à esquerda, envolvendo a busca por mais diversidade e a desconstrução da ópera, da música clássica e da dança contemporânea.

Do outro, vereadores conservadores, aliados a Nunes, se posicionaram contra a administradora, por uma suposta doutrinação ideológica no teatro. Uma versão preliminar do edital para a escolha de uma nova gestora para o Theatro Municipal foi publicada dia 22 de setembro e está agora em consulta pública.