SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta sexta-feira (26) que mensagens no celular de um dos presos pelo assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes indicam que Rafael Marcell Dias Simões, o Jaguar, seria um dos criminosos armados que fez a emboscada e disparou tiros de fuzil. O ex-policial foi morto na semana passada em Praia Grande, no litoral paulista.
Jaguar, 42, se entregou à polícia no último sábado (20) em uma delegacia em São Vicente, na Baixada Santista, cinco dias após o crime e logo após a Justiça decretar sua prisão preventiva. Ele alega inocência. Seu advogado afirmou que ele buscava a filha na escola no momento do crime.
Segundo Derrite, os indícios de que Jaguar seria um dos atiradores estão no celular do motorista Luiz Henrique Saberia Batista, o Fofão, 38. A polícia já havia confirmado que Fofão transportou Jaguar em seu carro após o crime.
“O atirador, que a gente pode ‘cravar’ que há o maior indício, é o Jaguar”, disse o secretário. “Tem um Luiz que está procurado e outro Luiz que está preso. Esse Luiz que está preso tem o apelido de Fofão. Do celular dele foram extraídas informações que apontavam que ele havia transportado Jaguar para outro endereço, ajudado na fuga, e que ele seria um dos atiradores.”
Derrite afirmou que o depoimento de Fofão na delegacia também indicou que Jaguar seria um dos atiradores. O secretário disse que a polícia faz análises de materiais biológicos, encontrados nas duas casas que os criminosos teriam usado como alojamento, para identificar outros suspeitos
O secretário também esclareceu que não há nenhum indício de que um homem morto por policiais militares na última terça-feira (23) Cleberson Paulo dos Santos, conhecido como Nego Mimo tenha relação com o assassinato do ex-delegado-geral.
Santos foi apontado pelo governo estadual como antigo integrante do Bonde dos 14, grupo de lideranças do PCC dia da cadeia. Em 2019, esse grupo teria articulado um plano para matar autoridades, entre elas Ferraz Fontes, segundo investigação do Ministério Público paulista.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que Santos foi morto em confronto com PMs. Ele estava numa residência cujo endereço havia sido obtido pelo setor de inteligência da corporação. Não há indícios de que o Bonde dos 14, que teve integrantes presos em 2019, tenha participado do ataque contra o delegado na semana passada.
Santos estava foragido. Ele cumpriu pena no Centro de Progressão de Pena de Valparaíso, no interior paulista, e não retornou após beneficiado com uma saída temporária.
OUTROS SUSPEITOS
A Polícia Civil pediu a prisão de oito pessoas por suspeita de envolvimento na morte de Fontes. Todas elas foram decretadas pela Justiça, no entanto quatro suspeitos continuam foragidos.
No domingo (21), o dono da casa em Praia Grande que teria sido usada por envolvidos no assassinato se apresentou em uma delegacia.
William Marques, 36, está detido no Deic. Ele é irmão de um policial militar, que não possui envolvimento com o caso.
Segundo a polícia, foi nessa casa que Dahesly Oliveira Pires, 25, presa na semana passada, teria retirado um fuzil usado no assassinato do ex-policial.
De acordo com a polícia, Dahesly mora em Diadema e tem passagem por tráfico de drogas. Ela chegou a negar que soubesse o conteúdo o pacote que transportava, mas depois admitiu que que se tratava de um fuzil, segundo os investigadores.
Entre os foragidos está Humberto Alberto Gomes, último suspeito identificado pela investigação. Ele teve as impressões digitais encontradas em uma casa em Mongaguá (SP) que teria sido usada como base pelos criminosos.
Outro suspeito é Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, namorado de Dahesly, que teria pedido a ela para transportar o armamento. Ele também está foragido.
O segundo procurado é Felipe Avelino da Silva, 33, conhecido como Mascherano. Segundo a polícia, ele seria integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital). Outro suspeito é Flávio Henrique Ferreira de Souza, 24. A reportagem não conseguiu localizar a defesa deles.