SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A mexicana Paloma Nicole Arellano Escobedo, 14, morreu no último dia 20 por complicações de cirurgias plásticas, denuncia o seu pai, Carlos Arellano. Ele afirma que não havia dado o consentimento para os procedimentos e que a causa da morte foi encoberta em seu atestado de óbito.

Paloma foi submetida a um implante de silicone nos seios, lipoaspiração e um lifting de glúteos. Ela sofreu complicações das cirurgias, realizadas no dia 12 na Clínica Santa María de Durango, segundo os jornais El Heraldo de México e El Universal.

No dia 11, a mãe, Paloma Escobedo Quiñónez, avisou o pai da adolescente que ela havia sido diagnosticada com covid-19. Por isso, ela levaria a menina para passar alguns dias em uma área montanhosa para que ela pudesse se isolar e se recuperar. A mãe ainda justificou que, se ele não conseguisse falar com as duas, é porque a área teria uma recepção ruim de sinal de celular, contou Carlos Arellano ao Canal 12 de Durango.

O pai voltou a receber uma ligação da ex no dia 15, afirmando que Paloma Nicole estava internada e havia piorado. A jovem sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi colocada em coma induzido. No dia 19, ainda de acordo com El Heraldo de México, ela foi retirada da ventilação mecânica e apresentou melhoras, mas seu estado acabou se deteriorando novamente e ela sofreu morte cerebral.

Carlos havia percebido ainda na clínica, ao se debruçar sobre o corpo da filha, que a menina usava um sutiã cirúrgico. No entanto, o homem acabou não comentando nada com os médicos diante da notícia de que Paloma Nicole havia morrido. Ele estranhou ainda ter recebido o atestado de óbito imediatamente.

Ele descobriu que ela havia passado por cirurgias plásticas durante o velório da filha. Carlos disse que chegou a comentar com os membros mais próximos de sua família que notou o sutiã, que teriam respondido que o corpo de Paloma parecia mesmo diferente —e ajudaram o pai a examinar a filha.

A legislação mexicana atual não proíbe cirurgias estéticas em menores. Além disso, não estipula que ambos os pais devem dar sua autorização para a realização dos procedimentos.

“Durante o funeral, alguns familiares me disseram que os seios dela pareciam maiores do que antes e quando eu mencionei para a mãe dela, ela me disse que não era verdade e que não sabia de nada. Naquela noite, pedi a mãe dela para deixar a sala [de velório] para que eu pudesse falar com a menina e me despedir. Por alguma razão, ela não queria. Eu consegui convencê-la e a família inteira dela a deixar a sala e eles saíram. Minha irmã, minha cunhada, minha mãe e eu ficamos. Elas examinaram a minha filha e, com certeza, ela tinha implantes nos seios. Tiramos fotos dos implantes e das cicatrizes. Nós imediatamente pedimos uma autópsia”, disse Carlos Arellano, em declaração por meio da Promotoria de Durango, obtida pelo jornal The Arizona Republic.

O homem resolveu não fazer alarde no local, mas procurou a Justiça. A autópsia de Paloma Nicole deve levar cerca de 15 dias, no entanto, Carlos está certo de que a menina morreu em decorrência de complicações causadas pelos procedimentos.

A mãe de Paloma Nicole teria dado as cirurgias como presente de aniversário de 15 anos, que estava próximo, para a filha. No entanto, Carlos alega que nunca foi consultado.

A mulher ainda teria atuado como enfermeira durante os procedimentos, acusou Arellano. O jornal El Heraldo de México não identificou registro profissional no nome da mãe da garota. Caso sua participação seja comprovada na Justiça, ela pode ser condenada por até seis anos de prisão por se passar por enfermeira, além de negligência e abuso de menor, que têm pena máxima de 12 anos, aponta a publicação.

O cirurgião responsável, Víctor Manuel Rosales Galindo, é namorado da mãe de Paloma Nicole. A AMCPER (Associação Mexicana de Cirurgia Plástica, Estética e Reconstrutiva) já anunciou o pedido de suspensão provisória do médico.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que a sua secretária de Governo vai acompanhar o caso. Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (25), ela ofereceu ainda auxílio à família de Paloma Nicole. “Com gosto, nós vamos buscar a família e ver como podemos ajudar”.

A Promotoria de Durango já confirmou que investiga o caso. A mãe da adolescente apagou contas nas redes sociais, e a reportagem não conseguiu localizar a defesa dela, nem do médico.

“Quero justiça para a minha menina. Não quero que as coisas sejam deixadas assim. Quero que a verdade seja conhecida e para quem quer que seja responsável, que seja responsabilizado”, disse Carlos Arellano, pai de Paloma Nicole, ao jornal El Heraldo do México.

Carlos Arellano ainda pede a responsabilização não só do médico e da mãe, mas também da clínica e seus funcionários que teriam encoberto o caso. O atestado de óbito emitido apontava que a causa da morte de Paloma Nicole foi edema cerebral (inchaço no cérebro) resultado de uma doença respiratória.