SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As ações da Gol e da Azul estão em forte disparada no pregão da Bolsa desta sexta-feira (26), na esteira do fim das negociações sobre uma possível combinação de negócios das duas companhias aéreas.
A notícia foi anunciada na noite de quinta-feira pela Abra, controladora da Gol, que desistiu do processo meses depois das primeiras conversas sobre a fusão.
Às 11h06, os papéis da Azul avançavam 16,19%, cotados a R$ 1,22, e a Gol subia 7,26%, a R$ 6,06.
Em fato relevante, a Abra afirmou que “as partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de Chapter 11 [recuperação judicial nos Estados Unidos]”.
A empresa também justificou o encerramento dizendo que os entendimentos iniciais para a possível operação ocorreram “em outro cenário e em outro momento das empresas, que não é mais o mesmo”.
Em outro comunicado ao mercado nesta quinta, a Gol disse que também solicitou à Azul a rescisão dos acordos celebrados em maio de 2024 que estabeleceram uma cooperação comercial via codeshare (compartilhamento de voos) para conectar a malha aérea das empresas no Brasil.
“Como parte do nosso comprometimento com os nossos clientes, a Gol honrará os bilhetes comercializados no âmbito da parceria”, disse a Gol em fato relevante.
A informação foi confirmada pela Azul, que disse que honrará com todas as passagens emitidas sob o acordo de codeshare.
“Por fim, a Azul reafirma o seu comprometimento com processo de fortalecimento da sua estrutura de capital e informa que manterá os seus acionistas e o mercado em geral informados acerca de eventuais desdobramentos relevantes relacionados ao encerramento das discussões comerciais acerca da potencial combinação de negócios bem como do acordo de cooperação comercial (codeshare) acima mencionados.”
As tratativas foram alvo de críticas pelo órgão de defesa da concorrência, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). No início do mês, a autarquia já havia pressionado as companhias pela formalização do acordo de codeshare junto ao órgão e disse que, se em 30 dias o acordo não fosse enviado, as operações de compartilhamento de rotas seriam suspensas.
Em entrevista à Reuters, o presidente do Cade, Gustavo Augusto, disse que as companhias deveriam parar de fazer comentários públicos sobre uma potencial fusão, a menos que estivessem preparadas para uma união efetiva.
Para Augusto, era preocupante que duas empresas de aviação fornecessem informações sobre um plano de forma prematura e depois deixassem as negociações sem solução.
A união das duas empresas, sob a justificativa de que buscavam fortalecer suas operações frente a um cenário desafiador para companhias aéreas na região, deteria cerca de 60% do mercado de aviação doméstico, superando os 40% da concorrente Latam, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A Azul, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos desde maio, por sua vez, afirmou também em fato relevante que está comprometida com o “processo de fortalecimento da sua estrutura de capital”.