Da Redação
A suinocultura goiana vem ganhando espaço no cenário nacional. Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal 2024, divulgada pelo IBGE, o Estado alcançou 1,55 milhão de cabeças de suínos no último ano — crescimento de 0,85% em relação a 2023. O avanço permitiu a ultrapassagem de São Paulo, que teve retração de 6,9% no rebanho, garantindo a Goiás a 7ª posição no ranking brasileiro.
O Brasil, como um todo, chegou a 43,9 milhões de animais, alta de 1,8%, ainda com forte liderança da região Sul: Santa Catarina (9,32 milhões), Paraná (7,30 milhões) e Rio Grande do Sul (6,17 milhões). Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul seguem entre os maiores produtores, enquanto Goiás desponta como força emergente.
Sudoeste Goiano: o coração da produção
Grande parte desse crescimento está concentrada no Sudoeste Goiano, especialmente em Rio Verde, que sozinho reúne 375,7 mil cabeças — quase um quarto do efetivo estadual. Jataí (110 mil) e Montividiu (49,5 mil) aparecem logo atrás.
Para o presidente da Associação Goiana de Suinocultores (AGS), Bruno Mariano, essa concentração é estratégica. Ele explica que a região reúne os principais fatores para a atividade: oferta abundante de milho, malha viária estruturada, frigoríficos habilitados, mão de obra especializada e um ecossistema produtivo consolidado desde a chegada da Perdigão em 1999. “Aqui já temos genética, nutrição, instalações e sanidade animal. Isso torna o Sudoeste preparado para receber novos investimentos de médio e longo prazo”, destaca.
Custos e desafios da produção
A produção de carne suína exige forte investimento inicial em tecnologia e infraestrutura. O maior desafio é o custo da ração, que representa cerca de 70% das despesas de uma granja. Nesse ponto, a proximidade das lavouras de milho é uma vantagem decisiva, reduzindo gastos logísticos e aumentando a competitividade.
Apesar de despesas elevadas com energia, biosseguridade e mão de obra, o setor mantém estabilidade. Goiás combina produtores independentes com grandes integrações, como a da BRF em Rio Verde, o que garante tanto o abastecimento interno quanto perspectivas de exportação.
Mercado interno domina, mas exportações são horizonte
Embora o Brasil seja o terceiro maior exportador mundial de carne suína, cerca de 75% da produção nacional ainda é consumida internamente. Em Goiás, a realidade é semelhante: a BRF é a única com habilitação para exportar, enquanto outros frigoríficos estão em processo de adequação para obter o SIF.
Atualmente, o Brasil exporta para cerca de 90 países, com destaque para China, Filipinas e Chile. A China, no entanto, tem reduzido compras ao fortalecer sua própria produção. Ainda assim, o mercado asiático e latino-americano continua estratégico para os produtores brasileiros.
No consumo doméstico, o cenário é otimista. O brasileiro passou de 14 kg para mais de 20 kg de carne suína por habitante ao ano na última década. A tendência é de crescimento, à medida que mitos sobre a carne suína são desconstruídos e novos cortes e produtos processados ganham espaço.
Goiás em posição de destaque
Com a conquista da 7ª colocação no ranking nacional, Goiás reforça sua relevância na cadeia da suinocultura. Apesar da dificuldade de ultrapassar os seis maiores Estados — que contam com tradição, espaço e cooperativas consolidadas —, o Estado já se tornou referência em eficiência produtiva e competitividade.
Para os próximos anos, o Sudoeste desponta como região-chave para novos investimentos, consolidando Goiás como protagonista em um setor que cresce de forma estável no Brasil e no mundo.