RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A Libra foi surpreendida com a liminar na Justiça do Rio, a favor do Flamengo, que trava pagamentos de uma parcela dos direitos de TV do Brasileirão que seria distribuída pelos clubes que fazem parte do bloco.

Se o bloqueio prevalecer até o final do ano, por exemplo, significa que cerca de R$ 230 milhões ficarão travados e em discussão na Justiça. O montante travado até o momento é de R$ 77 milhões.

Os dirigentes entendem que o movimento é uma tentativa do Flamengo de sufocar os membros do próprio bloco para mudança nos critérios de distribuição da verba referente à audiência (30% do total do contrato com a Globo).

O Flamengo, por sua vez, entende que a disputa na Justiça foi o caminho viável para resolver um debate que dura cerca de dez meses.

A Libra tenta reverter a decisão na Justiça. Enquanto isso, clubes como Palmeiras e São Paulo, consultados pelo UOL, evitam se manifestar publicamente.

QUAL A DISCUSSÃO

A briga chegou à Justiça do Rio porque o Flamengo não conseguiu até agora um acordo para rever a regra de divisão do dinheiro dentro da Libra. Essa bandeira foi levantada por Bap já na eleição, contestando a postura do clube na negociação durante a gestão Landim.

Em suma, o Flamengo queria estender o critério de cadastros no pay-per-view, no qual leva ampla vantagem, para os demais meios de distribuição dos direitos (aberta e fechada).

A surpresa na Libra se dá porque essa discussão já tinha sido aberta dentro do bloco, com reuniões ao longo dos últimos dez meses.

A ideia era tentar achar um denominador comum para 2026. Pensando em 2025, um acordo era considerado inviável, pois os demais clubes já estavam contando com o dinheiro com base na divisão aprovada ano passado.

O Flamengo, por outro lado, entende que a negociação se arrastou por tempo demais, sem que houvesse de fato uma sinalização de que poderia ser atendido.

A diretoria rubro-negra ainda questiona a validade dessa assembleia que tratou da divisão. A alegação é de que a Libra não apresentou um documento formal assinado por Landim sobre esse assunto.

COMO O CASO ANDOU NA JUSTIÇA

Na segunda-feira, o Flamengo tentou a liminar em primeira instância. Não conseguiu. Aí, levou o caso já para a segunda instância. A desembargadora Lúcia Helena do Passo acatou a demanda na quarta-feira. O processo corre em segredo de Justiça.

A medida trava o dinheiro do próprio Flamengo e dos demais clubes da Série A que fazem parte da Libra (São Paulo, Palmeiras, Santos, Bahia, Grêmio, Vitória, Atlético-MG e Red Bull Bragantino).

O dinheiro referente à audiência seria distribuído em quatro parcelas. Nesta quinta, seria depositada a segunda do ano. O Flamengo receberia R$ 17,4 milhões. São Paulo e Palmeiras seriam os outros clubes logo atrás do Fla no ranking de dinheiro

Se a revisão da divisão do percentual fosse aceita, o clube carioca ganharia R$ 1,3 milhão a mais. Isso foi ponderado pelo juiz que negou a primeira liminar, segundo o UOL apurou.

EFEITOS DA BRIGA

O Flamengo força uma discussão judicial agora para tentar depois levar a questão para uma câmara de arbitragem.

Os clubes da Libra olham com crítica para essa medida do Flamengo porque ela afeta o Vitória, que está na zona de rebaixamento. Se o clube cair para a Série B, o contrato com a Globo para 2026 terá uma redução significativa. Aí, o Flamengo e os demais perderão dinheiro. O Vitória já até definiu que sairá da Libra em 2030.

De todo modo, não há movimentos de retirada do Flamengo do bloco. O entendimento é que não é interessante para nenhum dos envolvidos.