BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na véspera da fala do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na Assembleia-Geral da ONU, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (25) que não dará seu aval à anexação da Cisjordânia, hoje um território ocupado por Tel Aviv.

“Eu não vou permitir que Israel anexe a Cisjordânia. Já chega, agora é hora de parar”, afirmou Trump. A declaração foi dada a jornalistas no Salão Oval da Casa Branca durante assinatura de decretos ao lado do vice-presidente J. D. Vance, além de Scott Bessent (Tesouro), Pam Bondi (Justiça) e do diretor do FBI, Kash Patel.

A semana de evento nas Nações Unidas foi recheada de manifestações de apoio à Autoridade Nacional Palestina (ANP) e de reconhecimento do Estado palestino por países que até então não o reconheciam, em particular durante evento na segunda-feira (22) dedicado ao tema —e boicotado por Israel e EUA.

Washington é a maior aliada e financiadora de Israel em meio ao conflito com o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza e à deterioração da situação política na Cisjordânia. O território é administrado oficialmente pela ANP, mas é ocupado militarmente por Israel, que é quem exerce na prática o controle territorial e o papel de polícia.

Além disso, o governo de Netanyahu, o mais a direita da história de Israel e composto por ministro extremistas que defendem a anexação da Cisjordânia e Gaza, tem aprovado novos assentamentos de colonos judeus no território ocupado, que foi tomado da Jordânia durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, assim como Jerusalém Oriental.

A estratégia dos assentamentos busca consolidar gradualmente a presença judaica no território, que inclusive é mais comumente chamado em Israel de Judeia e Samaria, e minar a possibilidade de estabelecimento de um Estado palestino.

Neste mês de setembro, Netanyahu voltou a dizer que não haverá um Estado palestino e assinou um acordo para avançar com um polêmico plano de expansão de assentamentos na região.

A proposta, idealizada pelo extremista Bezalel Smotrich, seu ministro das Finanças, dividiria a Cisjordânia e isolaria Jerusalém Oriental dessa outra parcela do território ocupado. Smotrich tem defendido que a medida seja tomada em resposta à onda de apoio e reconhecimento do Estado palestino.

A declaração do premiê foi dada dias após um ataque a tiros em Jerusalém que deixou seis mortos, reivindicado pela ala militar do Hamas, chamada de Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. Após o atentado, Smotrich afirmou que a ANP “deve desaparecer do mapa”.

O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que teve seu visto negado por Washington e fez sua fala na Assembleia-Geral por videoconferência, afirmou que as ações de Israel na Faixa de Gaza serão “um dos capítulos mais horríveis” dos séculos 20 e 21.

“O povo palestino em Gaza encara uma guerra de genocídio, destruição, fome e deslocamento travada pelas forças de ocupação israelenses”, afirmou o líder palestino. “O que Israel está fazendo não é nem sequer uma agressão. É um crime de guerra e um crime contra a humanidade documentado e monitorado que será lembrado nos livros de história e nas páginas da consciência internacional como um dos capítulos mais horríveis de tragédia humanitária dos séculos 20 e 21.”