SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Drones de origem desconhecida voltaram a sobrevoar aeroportos civis e instalações militares na Dinamarca nesta quinta-feira (25), em episódio que o Ministério da Defesa do país classificou de operação sistemática conduzida por um “ator profissional”.

É a segunda vez nesta semana que o país escandinavo registra esse tipo de incidente, depois de drones não identificados terem sido detectados na segunda-feira (22) sobre o aeroporto de Copenhague e também em Oslo, na vizinha Noruega, o que levou ao bloqueio do tráfego aéreo por várias horas.

Segundo a polícia dinamarquesa, os dispositivos desta quinta foram avistados nos aeroportos de Aalborg, Esbjerg e Sonderborg, além da base aérea militar de Skrydstrup. Ainda de acordo com as autoridades, os equipamentos tiveram um padrão de movimentação semelhante à ação da última segunda.

O aeroporto de Aalborg, um dos maiores do país, chegou a ser fechado durante algumas horas. Apesar da presença dos drones, o Exército e a polícia optaram por não abatê-los sob a justificativa de que havia riscos para a população. Os operadores não foram identificados, e as autoridades não conseguiram determinar o tipo de equipamento nem a motivação do sobrevoo.

O ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, afirmou que os incidentes não deixam dúvidas sobre a participação de um grupo especializado. “Quando falamos de uma operação tão sistemática, em tantos lugares e praticamente ao mesmo tempo, só pode ser obra de um ator profissional”, afirmou ele.

O ministro da Justiça, Peter Hummelgaard, acrescentou que a intenção de ataques desse tipo é “espalhar medo, criar divisão e intimidar” o país.

O caso também repercutiu na Otan. O secretário-geral Mark Rutte afirmou que a aliança militar leva “muito a sério” os episódios e que está empenhada em reforçar a segurança de infraestruturas críticas. Questionado se Copenhague poderia acionar o artigo 4 do tratado, que prevê consultas entre aliados em caso de ameaça a um de seus membros, o ministro Poulsen disse que nenhuma decisão definitiva foi tomada e que a opção está sob análise.

O chefe dos serviços de inteligência dinamarqueses, Thomas Ahrenkiel, disse que não havia informações que permitam apontar os responsáveis. Já Finn Borch, também do Serviço de Inteligência e Segurança, afirmou que “o risco de sabotagem russa na Dinamarca é alto”. A primeira-ministra Mette Frederiksen disse que o episódio representa “o ataque mais grave contra infraestrutura crítica” do país e afirmou não descartar a participação de Moscou.

A Rússia, por sua vez, voltou a negar envolvimento, e a embaixada do país em Copenhague mencionou “provocação orquestrada”. Os episódios acontecem num contexto de uma série de incidentes envolvendo drones e aeronaves militares russas em países vizinhos. Nos últimos dias, Polônia e Romênia relataram incursões de drones russos, e a Estônia denunciou a violação de seu espaço aéreo por caças de Moscou.

Além disso, no último fim de semana, aeroportos de grandes capitais europeias —caso de Bruxelas, Londres, Berlim e Dublin— foram alvo de um ciberataque de origem ainda não esclarecida.

As autoridades norueguesas e dinamarquesas estão em contato sobre os incidentes em Copenhague e em Oslo, mas a investigação ainda não estabeleceu conexão entre os acontecimentos, disse o ministro das Relações Exteriores da Noruega na quarta-feira (24).

Diante da tensão na Europa, a Alemanha anunciou, também nesta quinta, o lançamento de um programa de defesa espacial de € 35 bilhões (R$ 213 bilhões), comprometendo-se a investir em uma “corrida armamentista” no setor de drones para enfrentar, sobretudo, o que considera de ameaça russa.

Durante conferência em Berlim, o ministro da Defesa, Boris Pistorius, anunciou que esses fundos serão investidos até 2030 em projetos militares espaciais defensivos e ofensivos. Segundo ele, os países ocidentais devem se atualizar em relação à Rússia e à China.