RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil cumpriu nesta quinta-feira (25) quatro mandados de busca e apreensão em Itaguaí, na Baixada Fluminense, durante uma operação contra o comércio ilegal de medicamentos controlados pela internet.

Os alvos são quatro pessoas de um mesmo núcleo familiar e uma vizinha, investigadas por vender de forma irregular os remédios Venvanse e Ritalina, usados principalmente no tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o TDAH.

Os nomes dos investigados não foram divulgados. Eles foram levados à delegacia, prestaram depoimento e admitiram a comercialização dos medicamentos. Segundo a polícia, os envolvidos serão indiciados.

O nome da operação, Breaking Bad, faz referência à série americana de mesmo nome em que um professor de química passa a produzir e comercializar drogas ilegais. Neste caso, afirmam os policiais, a prática criminosa se deu pela venda de remédios controlados sem prescrição e fora do circuito autorizado, com risco direto à saúde de quem os consome sem acompanhamento médico.

De acordo com a delegada Luciana Fonseca, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, o grupo era formado por uma mulher idosa, a filha dela, o marido —que é pastor— e uma vizinha.

“Eles eram responsáveis por comercializar de forma ilegal medicações de uso controlado do tipo Vivanse e Ritalina que só podem ser vendidos em farmácias com receita médica. Eles admitiram a comercialização e informaram que adquiriram esses medicamentos no Complexo do Alemão, em farmácias e outros estabelecimentos, e posteriormente vendiam na internet por um valor expressivamente maior, chegando a quatro vezes o valor de mercado”, disse Fonseca.

O caso começou a ser investigado após uma empresa de marketplace detectar anúncios irregulares dos medicamentos Venvanse e Ritalina, controlados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em sua plataforma. Relatórios do setor de Prevenção à Fraude da empresa apontaram dois perfis ativos na venda ilícita, um de homem e outro de mulher.

O delegado Luiz Lima, titular da DRCI, afirmou que o grupo tinha divisão de tarefas. “Dois eram responsáveis pela compra e venda da medicação. Outros dois eram responsáveis pelo recebimento dos valores. As compras e vendas eram feitas por uma plataforma online, não era uma loja virtual em si, era uma oferta ao público”, afirmou.

A investigação identificou que o dinheiro obtido era transferido para contas bancárias ligadas a familiares das investigadas. Parte dos valores foi rastreada até a filha da dona de um dos perfis. Outra mulher, que seria a vizinha da família, também foi identificada como beneficiária das transações e suspeita de integrar o esquema, movimentando recursos em nome próprio. A comercialização era feita de forma recorrente, sem qualquer autorização da autoridade sanitária, em flagrante descumprimento das regras da Anvisa.

Segundo a polícia, os remédios são classificados como substâncias entorpecentes e psicotrópicas, com potencial de abuso e risco à saúde pública. Pela legislação, só podem ser vendidos em farmácias ou drogarias legalmente autorizadas, mediante apresentação de receita médica de controle especial.

Para os investigadores, a atuação coordenada desse núcleo familiar reforça a suspeita de organização criminosa. Os envolvidos podem responder por tráfico de drogas, associação criminosa e crimes contra as relações de consumo.

“Esse crime, além de violar as regras da Anvisa, fica enquadrado como tráfico de drogas porque são substâncias que a legislação considera anfetamina, e não pode ser comercializada sem receita médica”, disse o delegado Luiz Lima.

Na ação, foram apreendidos dispositivos eletrônicos que serão analisados. De acordo com o delegado Luiz Lima, o material deve ajudar a dimensionar por quanto tempo o esquema funcionou.