BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, classificou nesta quinta-feira (25) como legítimas as críticas ao atual patamar dos juros no Brasil hoje a Selic está fixada em 15% ao ano e fez um aceno ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) após ter sido poupado.
“Eu, pessoalmente, acho um luxo ter o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro fazendo comentários sobre política monetária com a delicadeza que eles fizeram, com a gentileza que eles fizeram, com a educação que eles fizeram”, disse Galípolo após ser perguntado por jornalistas sobre recentes falas de Haddad, a quem chamou de “amigo”.
“No mundo de hoje, onde muitas vezes se emitem opiniões sobre política monetária nem sempre da maneira mais cordial, civilizada e urbana, a gente ter um ministro Fazenda emitindo uma opinião legítima, mas com a elegância, delicadeza e cuidado que ele fez, só posso agradecer pela forma como ele fez a exposição da visão [dele]”, acrescentou.
Nesta semana, em entrevista ao ICL notícias, Haddad afirmou que a taxa básica “nem deveria estar em 15%” ao ano e que vê espaço para queda de juros. “[Galípolo] tem quatro anos de mandato dele, e ele vai entregar um resultado consistente ao Brasil”, disse.
Galípolo também repercutiu os comentários feitos pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, de que a Selic a 15% ao ano “machuca” e “não é saudável” do ponto de vista fiscal. “Mas tem o papel da política monetária, que precisa fazer seu trabalho”, acrescentou.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica (Selic) em 15% ao ano pela segunda vez seguida e repetiu a intenção de conservar os juros altos por tempo “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.
O objetivo central perseguido pelo Banco Central é de 3%. No modelo de meta contínua, o alvo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).
De acordo com a projeção da autoridade monetária, a inflação acumulada em quatro trimestres cairá para 4,8% no fim do ano, 3,6% em 2026 e 3,1% no primeiro trimestre de 2028 (último período considerado).
O antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto, foi alvo de críticas recorrentes por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que acusava o ex-presidente do BC indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) de ter lado político e de trabalhar para prejudicar o país.