(UOL/FOLHAPRESS) – Carlo Ancelotti tem uma conexão especial com a Liga dos Campeões. Além de ter sido bicampeão como jogador, o italiano conquistou o torneio cinco vezes como treinador. Com o status de ser o maior vencedor da competição, o atual técnico da seleção brasileira lançou nesta quinta-feira o livro “O Sonho – quebrando o recorde de vitória da Champions League” e fez revelações sobre os jogadores com quem trabalhou.

Por enquanto, a nova biografia do treinador pode ser lida apenas em inglês, italiano e espanhol. O lançamento no Brasil em português está marcado para o dia 24 de novembro, pela editora Planeta. O livro tem 256 páginas e foi feito em coautoria com o professor inglês Chris Brady.

Este é o quinto livro de Carlo Ancelotti. Nos quatro primeiros, o treinador priorizou detalhes sobre a sua vida, gestão de grupos, jogos de Copas e de tática. Dessa vez, o olhar é apenas na Liga dos Campeões, com detalhes das 26 edições em que participou – 22 delas como técnico -, mas menos histórias de bastidores em relação aos anteriores.

Mesmo focado mais nos jogos, o novo material ajuda a entender como é o treinador no dia a dia. Uma das características é o bom humor, definido assim pelo próprio, e uma forte busca para a formação de um ambiente positivo de trabalho. Há também informações importantes sobre o seu estilo em momentos decisivos do jogo. Uma delas é sobre pênaltis.

“Com a experiência desses longos anos, nesta quinta-feira (25) sei que disputas de pênaltis são 100% psicológicas. Você pode treinar pênaltis o dia todo, mas isso seria perda de tempo. Qualquer jogador bom o bastante para atuar em um time de ponta é capaz de converter um pênalti. A pergunta é: ele consegue fazer isso com o mundo inteiro assistindo?”

Na última Copa do Mundo, o Brasil foi eliminado pela Croácia nos pênaltis. A queda nas quartas de final ficou marcada pelas escolhas de Tite em que Neymar ficou fora da decisão e Rodrygo, segundo mais jovem do elenco, abriu a sessão de cobranças. O treinador brasileiro, que admitiu em um documentário para a Amazon Prime Video ter trauma de pênaltis, foi duramente criticado.

PROBLEMAS COM RIVALDO E LEONARDO

Ancelotti trabalhou com mais de 50 brasileiros desde que ingressou na carreira de treinador em 1995 com a Reggiana, da Itália. Quando foi apresentado como técnico do Brasil em maio, ele disse que teve problema com apenas um brasileiro no futebol. No mais recente livro, ele relata divergências com dois. Um deles foi Rivaldo.

Contratado pelo Milan logo após a Copa do Mundo de 2002, o melhor do mundo de 1999 não aceitou ser banco de reservas e tirou satisfação com o treinador.

“Rivaldo nunca ficou no banco. Rivaldo não fica no banco”, disse o pentacampeão mundial, que foi retrucado pelo treinador.

“Tudo bem. Sempre há uma primeira vez e agora é o momento certo para ser a primeira. Você vai para o banco”, respondeu Ancelotti, que frisa no livro: “Eu era o chefe e tive de lembrá-lo disso”.

Inicialmente, Rivaldo não aceitou a decisão do treinador e foi embora para casa, mas depois retornou ao clube e ficou na reserva contra o Modena pelo Campeonato Italiano.

O outro brasileiro com quem Carlo Ancelotti teve conflitos foi Leonardo, então diretor de futebol do PSG. Ao lado de Al-Khelaifi, presidente do clube francês, o ex-lateral e meia deu um ultimato ao italiano antes do jogo contra o Porto pela última rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

“Estamos acompanhando o projeto, não só os resultados, e não estamos satisfeitos. Decidimos que se não vencer esta partida, você será demitido”.

Ancelotti classificou a decisão da diretoria como “ridícula” e garantiu que deixaria o clube ao fim da temporada.

“Aquilo era ridículo. Disse isso ao Leonardo. Se aquela era a forma de demonstrar confiança, eu não quero continuar nem se ganharmos a Liga dos Campeões”.