BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, não tem planos de ir à COP30, que será realizada em novembro em Belém. A informação é do jornal Financial Times, que revela ainda uma disputa interna no Partido Trabalhista britânico em torno do tema.

Se a ausência for confirmada, é mais um revés para a etapa brasileira da conferência do clima, descrita como um pesadelo logístico na imprensa internacional e marcada, até aqui, por metas climáticas pouco ambiciosas a despeito da evidente emergência climática no planeta.

A ausência não se explica pela falta de estrutura de Belém ou os preços estratosféricos dos hotéis, que habitam as manchetes europeias há meses. Segundo a reportagem do jornal econômico, reflete antes uma disputa entre os líderes do partido de Starmer, divididos entre a agenda ambiental, bandeira trabalhista, e a ascensão da extrema direita no país.

Pesquisas de opinião colocam o Reform UK, do populista Nigel Farage, à frente nos levantamentos eleitorais, pressionando Starmer em aspectos específicos de seu governo, notadamente imigração, transição energética e mudança climática.

De um lado, uma ala pragmática do partido defende que o premiê precisa se concentrar na política local; já os defensores da presença de Starmer no encontro de líderes em Belém, no começo de novembro, percebem sua ausência como um fiasco internacional.

Starmer, ainda na oposição, foi um dos mais ferozes críticos de seu antecessor, Rishi Sunak, quando o conservador pulou a COP27, no Egito, em 2022. Outro aspecto desabonador para Starmer, que compareceu à COP29 no Azerbaijão, no ano passado, seria ter a sua ausência no evento brasileiro associada à aproximação com Donald Trump.

Na semana passada, o presidente americano foi recebido em visita oficial no Reino Unido. Na última terça-feira (23), em discurso na Assembleia Geral da ONU, Trump afirmou que a mudança climática provocada pela queima de combustíveis fósseis era “a maior enganação da história” e que os europeus “estão indo para o inferno” com sua agenda ambiental e imigratória.

Belém já lida com ausências anunciadas e delegações enxutas, assim como pressão para que parte dos eventos sejam realizados em cidades como São Paulo e Rio. Ao Financial Times, Downing Street afirmou que Starmer ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a viagem, mas reconheceu que alguns assessores eram contra sua participação.