SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Donald Trump aumenta o preço dos cérebros para os maiores bancos de Wall St. e as startups do Vale do Silício, a crista da onda do Tesouro e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (25).
**CÉREBROS CUSTAM CARO**
Ser bem formado custa caro. Não estamos falando somente dos anos de educação superior, livros comprados, cursos extras, ingressos de museu: o visto dos gênios, oferecido pelos EUA para estrangeiros que trabalham no país, passou a custar US$ 100 mil (R$ 533 mil).
COMO ASSIM?
O visto H-1B foi projetado para ajudar empresas a preencher vagas para as quais trabalhadores americanos qualificados são escassos.
O foco do documento é atrair trabalhadores qualificados para empregos nos EUA em outras palavras, levar os melhores cérebros do mundo para produzir por lá.
Movimentos conservadores, como os correligionários do presidente Donald Trump, argumentam que a permissão é um dispositivo usado por grandes empresas para tirar oportunidades de cidadãos dos EUA.
Agora, as empresas terão de pagar US$ 100 mil para cada nova contratação feita por intermédio do programa.
E DAÍ?
A redução de trabalhadores altamente capacitados em empresas americanas pode desacelerar o ritmo da produtividade no país, segundo especialistas. Vamos entender os efeitos nos setores que devem ser os mais atingidos.
[1] Grandes bancos
A maior concentração de vistos H-1B está na cidade de Nova York. Consegue imaginar o porquê? Nela, está o coração do mercado financeiro dos EUA (ou do mundo?).
Dados do serviço migratório analisados pela AFP mostram que os principais beneficiários do H-1B em Nova York são os bancos de investimento Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citigroup, a empresa de dados financeiros Bloomberg e a consultora McKinsey.
Os cargos cobertos pelo H-1B são mais técnicos, com muitos funcionários ocupando vagas em engenharia de software, análise quantitativa e ciência de dados.
[2] Startups e empresas de tecnologia
Tanto a costa leste quanto a oeste dos EUA estão assustadas com a medida.
Há empresas menores do Vale do Silício, como as startups, que dependem do trabalho de engenheiros e cientistas estrangeiros e não podem absorver os novos custos de contratação, ao contrário das big techs.
A mudança pode atingir o coração do ecossistema tecnológico dos EUA, inclinando a balança a favor das big techs. Ela depende do fluxo constante de startups para novas ideias alguns dos empreendimentos crescem e se tornam grandes empresas.
E AGORA?
Empresários como Elon Musk advertiram que os Estados Unidos não serão capazes de preencher cargos altamente qualificados apenas com talentos nacionais.
Outros especulam que, em vez de serem oferecidos a trabalhadores americanos, alguns empregos poderão ser deslocados para outros países.
O presidente da Netflix, Reed Hastings, foi mais otimista: é uma ótima solução, o H-1B só será usado para empregos de valor muito alto.
🇨🇳 Do outro lado do mundo a China anunciou a criação de uma nova categoria de visto voltada a profissionais estrangeiros de ciência e tecnologia. O visto K elimina a exigência de patrocínio do empregador para quem for qualificado e quiser trabalhar no país. Truco?
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**TESOURO RARO**
A taxa Selic está em 15% ao ano, patamar alto. Em geral, o mercado financeiro vai reclamar desse cenário, a não ser por um aspecto dele: a rentabilidade de alguns ativos está curiosamente alta.
VEJA BEM
Na última década, apenas 3 títulos IPCA+ entre 20 ofertados passaram mais da metade de seus dias em negociação com um retorno acima de 7%. Isso ocorreu com os papéis com prazos mais longos, com vencimentos em 2040, 2050 e 2060.
Nesta terça-feira, eles pagavam, respectivamente, IPCA + 7,12%, IPCA + 7% e IPCA + 7,20% ao ano.
A maioria (15 títulos) teve menos de 15% dos seus dias de negociação com uma rentabilidade acima de 7% ao ano.
O levantamento é da Quantum Finance, plataforma de dados do mercado financeiro.
PARAÍSO?
Não existe céu na terra, caro leitor. Você precisa considerar que esse investimento pode gerar perda em caso de resgate antes do vencimento que, convenhamos, está longe de chegar. Há outras opções com rentabilidade semelhante e prazos menores.
Atente-se também ao fato de que essa taxa de retorno oferecida pelo Tesouro muda diariamente, conforme as negociações de compra e venda refletem o humor dos investidores.
E MAIS
Em geral, vemos juros tão altos em momentos de stress e preocupação na economia. Ainda que o momento não seja tão tenso quanto em outras ocasiões, a dinâmica fiscal continua ruim, o que justifica juros reais mais altos, segundo Carlos Lopes, economista no banco BV.
Quando ele diz dinâmica fiscal ruim, isso reflete uma queixa antiga do mercado financeiro: muitos acreditam que o governo está gastando demais e aumentando o nível da dívida pública.
Segundo o especialista, apesar de o governo federal cumprir o arcabouço fiscal, faltam ajustes estruturais que estabilizem a dívida pública no longo prazo ou seja, que deem confiança para o investidor, ao ponto dele abandonar títulos vistos como seguros, como os do Tesouro, e enfrente uma volatilidade maior.
**O SONHO DO BITCOIN PRÓPRIO**
No coração da Faria Lima, em um prédio decorado por uma baleia, agentes do mercado financeiro discutem criptomoedas. Uma cena que, até alguns anos atrás, poderia soar inusitada, hoje, é paisagem urbana.
Caso o leitor atento tenha perdido o bonde andando, aí vai um aviso: o universo cripto não é mais coisa de nerd. Bancos, corretoras e gestoras do sistema financeiro tradicional estão negociando tokens.
Quando questionado por que o mercado financeiro começou a integrar esse tipo de ativo, o head de produtos de criptomoedas da CME (Chicago Mercantile Exchange), dona da bolsa de valores de Chicago, Giovanni Vicioso, dá uma resposta simples: porque não dava mais para ignorar. Há muito dinheiro rodando nesse mercado.
A estimativa de capitalização do mercado cripto está acima dos US$ 3 trilhões (R$ 16 trilhões).
SE NÃO PODE COM ELES, JUNTE-SE A ELES
É mais ou menos esse o pensamento do mercado. A institucionalização das criptomoedas está facilitando o processo de investimento nelas: há instrumentos como ETFs, opções e contratos futuros que permitem a exposição de investidores a esse mercado sem sair do sistema tradicional.
É possível comprar cotas de ETFs que simulam a movimentação do bitcoin, por exemplo, sem comprar um bitcoin ou uma fração dele. Você estará exposto à volatilidade dele sem ter que se comprometer com uma corretora cripto, por exemplo. Capiche?
Vicioso ainda explica que levar esses ativos para instituições renomadas ajuda a popularizá-los afinal, muita gente tem medo de colocar seu dinheiro em uma corretora nichada, como foram as primeiras do mercado cripto.
MUDANÇAS
O GENIUS Act, primeira lei federal nos EUA que estabelece um marco regulatório abrangente de criptomoedas, melhorou o cenário para a negociação de tokens. Saber as regras do jogo é muito importante para quem quer investir e, antes, não havia um manual definitivo.
A legislação inspirou alguns IPOs de empresas e corretoras focadas em criptoativos na bolsa de valores de Nova York, como a Bullish.
Aqui no Brasil, esse tipo de investimento é permitido e regulamentado, mas há desejo por um arcabouço legal maior.
Inclusive, o relator da MP (Medida Provisória) que aumenta impostos para elevar a arrecadação, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), incluirá no texto a criação de um programa temporário para regularização de ativos virtuais de origem lícita, mas declarados com incorreções ou que não foram declarados à Receita Federal.
MAR DE ROSAS?
Nada nunca é. Algumas criptomoedas já estão bem solidificadas no mainstream dos investimentos, como bitcoin, Ethereum e Solana. Contudo, o ambiente cripto ainda é um solo fértil para a especulação financeira já falamos por aqui das memecoins, por exemplo.
Palavras como token e blockchain ainda são desconhecidas fora do núcleo do mercado financeiro e os conceitos, mesmo que explicados, são bastante avançados não dá para fingir que todo mundo pode ou deveria comprar um bitcoin, sem nem saber como funciona esse mundo.
No Brasil, a penetração do universo cripto pode ser ainda mais difícil. O especialista da CME lista a praticidade, rapidez, liquidez e falta de burocracia como alguns dos principais atrativos de criptoativos para investidores. Tem outro sistema que permite transações simples por aqui um tal de Pix, conhece? Esse é um rival dos fortes.
Para Giovanni Vicioso, o mercado cripto amadureceu e continua nesse caminho. E você, o que pensa?
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
O vento levou. Com fábrica em Porto Feliz (SP) destruída pela ventania, a Toyota adiou a apresentação do Yaris Cross.
O futuro chegou? O Mercado Livre anunciou que está usando robôs em algumas funções antes exercidas por pessoas.
+Cosan. Rubens Ometto está negociando um empréstimo de R$ 750 milhões com o Bradesco, segundo a Bloomberg. A notícia fez as ações da Cosan dispararem e terminarem o pregão em alta de 5,68%.
Radioativo. O futuro da usina Angra 3 segue em aberto no governo, mesmo com reunião marcada para debatê-lo.
R.I.P home office. Trabalho remoto diminuiu na indústria depois da pandemia, segundo levantamento do IBGE. O percentual de empresas que adotam a prática caiu para 42,9% em 2024.
Batendo na porta da concorrência. Microsoft selou uma parceria com a Anthropic para o Copilot, após a OpenAI anunciar investimento da Nvidia.