SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Donald Trump ironizou o antecessor do republicano na Presidência, Joe Biden, ao pendurar na nova galeria de retratos presidenciais da Casa Branca uma foto de uma caneta automática, um aparelho usado para reproduzir assinaturas, em vez da imagem do democrata.

A provocação remete a uma crítica recorrente de Trump e de seus aliados republicanos: a de que Biden teria utilizado de forma excessiva o dispositivo para validar decisões durante sua gestão. Segundo eles, o recurso faria parte de uma estratégia para esconder a suposta deterioração cognitiva do então presidente, que atualmente tem 82 anos.

Um vídeo publicado na plataforma X por Margo Martin, assessora de comunicações de Trump, mostra a nova galeria. A câmera percorre uma sequência de retratos em preto e branco até chegar à imagem da caneta automática, que representa a gestão Biden. Do lado direito e esquerdo estão as fotografias de Trump em seu primeiro e segundo mandato, respectivamente.

Aos 79 anos, o republicano faz críticas recorrentes a Biden, atribuindo a ele responsabilidades por problemas econômicos, incluindo a inflação, e também por crises internacionais, caso das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

Biden, que derrotou Trump nas eleições de 2020, foi forçado por membros de seu partido a abandonar a corrida eleitoral de 2024 depois de um debate desastroso contra o republicano revelar as dificuldades que o então presidente tinha ao articular frases e formar raciocínios.

Em entrevista publicada em julho pelo jornal The New York Times, Biden disse ter usado a caneta automática em documentos relacionados a perdões e indultos concedidos no fim de seu mandato.

Pouco antes de deixar o poder, Biden emitiu milhares de perdões ou indultos. As ações se dividiram em três categorias amplas: o então presidente diminuiu as penas de pessoas condenadas por crimes não-violentos relacionados a drogas, perdoou pessoas que estavam em prisão domiciliar por causa da pandemia e que teriam de voltar ao regime fechado, e transformou a pena de morte de 37 das 40 pessoas que aguardavam execução em prisões federais em pena de prisão perpétua.

Além disso, Biden perdoou de maneira preventiva pessoas que poderiam sofrer perseguição judicial do governo Trump, como o general aposentado Mark Milley e o médico que liderou os esforços do governo contra a pandemia, Anthony Fauci. O democrata emitiu também perdões para membros da sua família, incluindo seu filho, Hunter Biden, condenado por fraude fiscal e posse ilegal de arma.

Sem apresentar provas, Trump afirma que esses perdões são ilegais, pois teriam sido assinados com a caneta automática sem conhecimento do ex-presidente.