BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Javier Milei caminhou até o púlpito das Nações Unidas para fazer seu discurso com a confiança renovada, 24 horas após o forte apoio político recebido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um sinal que ele buscava para tentar conter a crise interna de confiança no seu governo.
Na manhã desta quarta-feira (24), o presidente da Argentina disse na ONU que a imigração “indiscriminada” se dá por razões políticas e fez elogios à postura do governo Trump nesse aspecto.
“Sua política férrea e resoluta de acabar com a imigração ilegal deixa isso mais do que claro. Ele entende que deve fazer o que é necessário”, disse. “Os EUA entendem que é o momento de discutir uma questão que estava levando o país à catástrofe.”
Sem mencionar o assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk, Milei também criticou a violência política por parte da esquerda em episódios recentes e disse que o mesmo ocorre em seu país.
“Estamos testemunhando uma escalada inaceitável de violência política por parte da esquerda em nível global. Essa violência é algo com que nós, na Argentina, estamos muito familiarizados. É inaceitável recorrer à força onde a razão falha. Portanto, condenamos veementemente esses procedimentos que violam as normas básicas da convivência democrática”, disse o presidente.
Em setembro, às vésperas das eleições da província de Buenos Aires, a caravana de Milei foi atacada com pedradas em Lomas de Zamora. O presidente e sua comitiva não foram feridos.
Milei criticou políticos que classificou de “populistas”, dizendo que eles apelam para a inveja e o ressentimento e em favor de um Estado que explora a população. “Atualmente, em todo o mundo se apresenta uma contradição entre presente e futuro. É preciso encontrar um equilíbrio para que o pão de hoje não signifique fome amanhã.”
O chefe de Estado argentino também criticou a atuação da ONU, destacando que “o modelo bem-sucedido das Nações Unidas, que falava da necessidade de paz e vitória e que se baseava na cooperação dos Estados, foi substituído por um modelo de governo supranacional de burocratas internacionais”.
Um dia antes, em um encontro com Trump em paralelo ao evento na ONU, Milei recebeu elogios e apoio do americano. “Ele fez um trabalho fantástico e estou fazendo algo que não costumo fazer: dar a ele todo o meu apoio”, disse Trump à imprensa.
O presidente dos EUA destacou que as eleições legislativas nacionais, de 26 de outubro, estão próximas e ele estava confiante de que Milei “se sairá bem” e que seu apoio era uma garantia. Trump, em seguida, entregou a Milei uma postagem que fez na sua rede Truth Social. “Argentina: Javier Milei é um grande amigo, lutador e vencedor, e tem meu total apoio à reeleição como presidente. Ele nunca os decepcionará.”
O encontro durou minutos, mas foi suficiente para trazer um alívio ao mercado argentino, que enfrentava uma crise de escalada do dólar na semana anterior, após Milei perder as eleições legislativas da província de Buenos Aires, em 7 de setembro.
Além de reafirmar a aliança da Argentina com os EUA. o discurso de Milei abordou a soberania argentina nas ilhas Malvinas. “Quero reiterar nossa reivindicação legítima e inalienável à soberania das Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Ilhas Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes que permanecem ocupados ilegalmente. Apesar dos 80 anos que se passaram desde a criação desta organização, situações coloniais como essas permanecem sem solução”, disse.
Além de Milei, participaram da viagem aos EUA a irmã do presidente, Karina, o ministro da Economia, Luis Caputo, o ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, o ministro da Defesa, Luis Petri, e o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni.
O argentino, emseguida, se encontrou com a diretora do FMI, Kristalina Georgieva, e terminará o dia em um evento de gala em que receberá um prêmio do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
O evento ocorrerá no Ziegfeld Ballroom, em Manhattan, onde também estarão presentes outros líderes, como o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente da Fifa, Gianni Infantino.