SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um atirador atacou um escritório do ICE, o serviço de imigração dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (24) na cidade de Dallas, no Texas, e matou uma pessoa, segundo autoridades federais. O Departamento de Segurança Interna havia divulgado uma nota afirmando que duas pessoas morreram, mas depois voltou atrás. Segundo a pasta, além do óbito confirmado, duas pessoas estão internadas em estado grave.

O autor dos disparos se suicidou em seguida. O diretor do FBI, Kash Patel, publicou uma foto no X que mostra um cartucho com a frase “anti-ICE” encontrado próximo ao suspeito. “Embora a investigação esteja em andamento, uma análise inicial das evidências indica um motivo ideológico por trás deste ataque”, afirmou Patel.

O atirador abriu fogo do telhado de um prédio próximo, atingindo o edifício do ICE e uma van que estava estacionada, onde as vítimas foram baleadas. Agentes federais não estão entre os atingidos, segundo autoridades; as vítimas eram pessoas que estavam detidas pelo ICE. A identidade delas não foi divulgada.

O ataque ocorreu no escritório regional do ICE em Dallas, um prédio onde os agentes federais fazem o processamento dos detidos após a prisão, antes de eles serem transferidos para um centro de detenção de longo prazo. As autoridades estão investigando o ataque como um “ato de violência direcionada”, disse o agente especial responsável pelo escritório do FBI em Dallas, Joseph Rothrock.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu rapidamente ao incidente em sua rede, a Truth Social, e transformou o caso em um tema político. Ele acusou os “democratas radicais de esquerda” de incentivar a violência contra o ICE, afirmando que esse grupo “demoniza constantemente as autoridades policiais, pede a extinção da agência e chega a comparar seus agentes aos nazistas”.

Trump mencionou o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, ocorrido há duas semanas, para reforçar sua tese. Segundo ele, “terroristas radicais de esquerda” representam uma “grave ameaça” às forças de segurança e “precisam ser contidos”.

Além disso, o presidente anunciou que pretende assinar, ainda nesta semana, um decreto para “desmantelar essas redes de terrorismo doméstico”. No entanto, ele não apresentou provas de que a violência de grupos de esquerda seja, de fato, mais perigosa do que a praticada pela extrema direita.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, escreveu na plataforma X que os agentes do ICE enfrentam uma “violência sem precedentes”. Já o vice-presidente, J. D. Vance, disse que ora pelos feridos. “O ataque obsessivo contra as forças da lei, em particular contra o ICE, precisa parar”, escreveu ele.

Por sua vez, o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, disse que apoia completamente o trabalho do ICE. “Este assassinato não vai diminuir nossas operações de prisão, detenção e deportação de imigrantes”, escreveu ele no X.

Este é o segundo episódio de violência em uma instalação federal de imigração no Texas nos últimos meses. Em julho, um policial foi baleado fora de um centro de detenção do ICE em Alvarado.

O governo de Donald Trump tem realizado uma série de batidas anti-imigração em larga escola como parte de sua política de deportação em massa. O uso de agentes do ICE para prender imigrantes sem documentação provocou ondas de protestos de democratas e ativistas liberais.

As instalações do ICE têm se tornado cada vez mais locais de conflito, com confrontos entre manifestantes e agentes. Uma instalação da agência na região metropolitana de Chicago, onde manifestantes se reúnem diariamente desde o início do aumento das operações anti-imigração neste mês, instalou cercas nesta semana.

Em junho, uma batida do ICE em locais onde imigrantes se reuniam para procurar emprego em Los Angeles desencadeou dias de protestos na cidade, a segunda maior dos EUA. Na ocasião, manifestantes entraram em confronto com a polícia, e casos de violência foram utilizados por Trump para justificar o envio de soldados da Guarda Nacional à cidade.