SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Três policiais militares que são apontados como executores do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto com tiros de fuzil em novembro do ano passado no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, serão levados a júri popular.
O cabo Denis Antonio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues, suspeitos de atirar no empresário, e o tenente Fernando Genauro da Silva apontado como o motorista do carro usado no crime– serão julgados separadamente de outros réus do caso. A decisão foi tomada na última quinta-feira (18) pela Vara do Júri da Comarca de Guarulhos. A informação foi publicada pelo UOL e confirmada pela Folha de S.Paulo.
Os três PMs estão presos. Já os homens apontados como mandantes do crime Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Cigarreira, e Diego dos Santos Amaral, o Didi estão foragidos desde o ano passado. Outro foragido pelo mesmo caso é Kauê do Amaral Coelho, identificado como o olheiro que apontou a localização de Gritzbach para os executores.
As defesas dos três PMs negam que eles tenham participado do crime. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Kauê, Diego e Emílio.
O grupo também foi denunciado pela morte do motorista de aplicativo Celso Araújo de Sampaio Novais, atingido durante o tiroteio, e pela tentativa de homicídio de outras duas pessoas feridas na ocasião.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a morte de Gritzbach foi, segundo a investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil de São Paulo, um acerto de contas. De acordo com o relatório policial sobre o caso, o crime contou com organização entre criminosos e policiais militares que executaram o atentado e ocorreu com brutalidade para demonstrar a força do PCC.
Cigarreira e Didi teriam sido os responsáveis pela contratação dos policiais militares acusados de serem os autores do assassinato do delator do PCC. Kauê, o olheiro, é sobrinho de Didi.
Gritzbach era apontado como mandante do assassinato de dois membros do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta e Antonio Corona Neto, o Sem Sangue. Ele teve de dar explicações sobre o suposto sumiço de milhões de reais de Cara Preta, supostamente convertidos em criptomoedas. O delator do PCC teria escapado da morte ao convencer o grupo de sua inocência.
A absolvição de Gritzbach no tribunal do crime teria irritado a cúpula do PCC e provocado a morte de dois integrantes da facção criminosa responsáveis pela decisão.
Após ser acusado da morte de Cara Preta, algo que ele negava, ele fechou um acordo de delação premiada em que descrevia esquemas de lavagem de dinheiro da facção e, além disso, acusava policiais civis de extorquí-lo.
O assassinato gerou denúncias contra o núcleo acusado de cometer o crime no aeroporto, contra policiais civis acusados de extorsão e proteção de empresários ligados ao PCC, e contra a escolta de 15 PMs que prestava serviço de proteção a Gritzbach.
No início do mês, a Justiça Militar paulista decidiu soltar três dos 15 PMs que integravam a escolta. Eles respondem por acusações de promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa e de falsidade ideológica, mas não pelo assassinato.