NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que “aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível”, ao falar sobre a reunião com o presidente Donald Trump na ONU, em Nova York. Segundo Lula, “Trump está mal informado” e com “informações equivocadas” sobre o Brasil, e o presidente brasileiro diz esperar que possa explicar ao americano “o que ocorre no país”. “Quero saber qual é o problema com relação ao Brasil.”
“Além de ter a oportunidade de fazer esse discurso, tive também a satisfação de me encontrar com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível”, disse o presidente, após fazer referência à sua própria fala na Assembleia-Geral da ONU.
“Fiquei feliz ao ouvir dele que ‘pintou uma química’ entre nós. Eu, pessoalmente, acredito que 80% de uma boa relação é química e 20% é emoção. Por isso, considero essa sintonia muito importante, e torço para que essa relação dê certo”, disse.
A declaração foi dada em entrevista à imprensa ao final da viagem a Nova York nesta semana.
“Não há razão para que Brasil e Estados Unidos vivam momentos de conflito. Fiz questão de dizer ao presidente que temos muito o que conversar. E fiquei satisfeito quando ele me disse que é possível sim manter esse diálogo. Quem sabe, em alguns dias, a gente consiga ajustar as palavras e avançar nessa conversa”, disse. “Tenho interesse nessa conversa e quero que ela aconteça logo.”
“Espero que a gente possa reestabelecer a harmonia necessária que tem que ter sobre Brasil e EUA.
Quando tiver eleição nos EUA, eu não me meto, quando tiver no Brasil, ele não se mete”, afirmou Lula.
Nesta terça-feira (23), Lula teve um breve encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o próprio americano, a interação durou 39 segundos e os líderes combinaram uma nova conversa para a próxima semana.
Integrantes do governo Lula viram o gesto como uma vitória para o brasileiro. Eles temem, porém, que o americano use o diálogo entre os dois como uma forma de pressionar e até humilhar o líder petista, a exemplo do que já fez com líderes europeus na Casa Branca. Sobre o risco de a conversa ter um clima tenso, Lula falou que “não existe espaço para brincadeiras entre dois homens de 80 anos” –o brasileiro será octogenário em outubro, e Trump fará 80 em junho do ano que vem.
O encontro dos dois na Assembleia-Geral foi divulgado pelo presidente americano ao final de sua fala, em que ele também disse que gostou do brasileiro e que teve uma “excelente química” com o petista.
Este foi o primeiro encontro entre Trump e Lula desde a eleição do republicano e desde que o americano impôs tarifas comerciais às importações brasileiras e sanções a membros do Executivo e do Judiciário, como o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Lula usou seu discurso para mandar uma série de recados a Trump. Na véspera, o presidente americano aplicou mais sanções ao Brasil, com a inclusão da mulher de Alexandre de Moraes, Viviane Barci, na lista de sancionados pela Lei Magnistky e restringiu o visto do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral), e outras seis pessoas.
Diante dos líderes na Assembleia Geral da ONU, Lula afirmou que as sanções e tarifas dos EUA contra o Brasil são uma ameaça à soberania, e o país está defendendo suas instituições ao resistir a pressões. “O Brasil optou por resistir e defender sua democracia.”
Lula também usou a palavra “democracia” 18 vezes no discurso.