SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O arquiteto Kongjian Yu, que morreu nesta quarta (24) em um acidente de avião na cidade de Aquidauna (MS), esteve em São Paulo na semana passada para visitar a Bienal e também conheceu alguns pontos verdes da cidade, como o parque Tiquatira, na zona leste.
O espaço é considerado o primeiro parque linear da capital paulista e foi implantado ao longo do córrego Tiquatira, possuindo uma extensão de mais de três quilômetros. A visita ao local foi acompanhada pelo vereador Nabil Bonduki (PT), que postou em suas redes sociais o evento.
O arquiteto criou o conceito de cidades-esponja, que prevê a adoção de áreas verdes, como parques arborizados e alagáveis, que deem espaço e tempo para a água ser absorvida pelo solo após as chuvas. A intenção é ter uma área que impeça devastação com enchentes.
Em São Paulo, no Tiquatira, ele enalteceu o parque. “É um bom exemplo, que algumas pessoas ainda tenham esse entusiasmo que fazem a sociedade progredir. É essa a energia que transforma a cidade”, disse ele, que também indicou pontos de melhoria no local. “Para este parque, eu consigo ver um grande potencial de transformar este canal de concreto em um rio-esponja.”
Para ele, era importante a união entre o verde, da vegetação, com o azul, da água. “Você não apenas recicla a água, para nutrir a vegetação, mas também pela colheita desses nutrientes da água, você os transforma em fertilizantes para irrigar esse parque.”
Nabil disse que o arquiteto estava no Brasil participando de uma série de gravações com o documentarista Luiz Ferraz, 42 e o diretor de fotografia Rubens Crispim Júnior, 51, para um filme sobre sua trajetória profissional. Por isso, além de São Paulo, uma parte do material foi filmada na China.
A viagem para o pantanal era parte das filmagens e também um destino que o arquiteto tinha muito interesse em conhecer. Segundo Nabil, ele considerava que o bioma era um local que representava bem o conceito de cidade-esponja.
“É muito significativo ele ter morrido lá, um local que traduzia muito sobre o seu trabalho”, diz o vereador, que lafirmou lamentar as mortes. “Ele era jovem, já tinha uma produção significativa, estava no auge na carreira e com possibilidades até de trabalhar na América do Sul e, mais particularmente, no Brasil.”
Professor da Universidade de Pequim, Kongjian participou da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, onde exibiu obras que exploram a relação entre arquitetura e o meio ambiente.
Ele também participou da abertura da Conferência Internacional do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), em Brasília. Sua palestra lotou o auditório, com pessoas sentadas no chão e outras acompanhando em telões, segundo a entidade.