NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente da China, Xi Jinping, anunciou nesta quarta-feira (24), a nova meta climática do país, conhecida como NDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada).

O líder afirmou que a nação se compromete em reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 7% e 10% até 2035, expandir as fontes de energia não fósseis para 30% da matriz (o que representa seis vezes mais do que em 2020) e ampliar a capacidade instalada de usinas eólicas e solares em 3.000 gigawatts.

Xi Jinping também citou o crescimento das frotas de carros elétricos, defendeu a expansão do mercado de carbono e a construção de uma “sociedade climaticamente adaptável”.

“Esses objetivos representam os melhores esforços da China, baseados nas obrigações do Acordo de Paris”, afirmou durante discurso transmitido no evento Climate Summit, da ONU (Organização das Nações Unidas).

Fortemente dependente do carvão para geração de energia, a China é atualmente o maior emissor anual de carbono, respondendo por cerca de um terço das emissões globais.

A reunião de chefes de Estado foi presidida pelo secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, e pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela teve como objetivo justamente tentar destravar a entrega das NDCs, que está atrasada.

Em seu discurso, Lula voltou a cobrar que os países apresentem suas metas, e disse que não acreditar no aquecimento global enfraquece o multilateralismo e a democracia.

“Faço um apelo aos países que ainda não apresentaram a NDC. O sucesso da COP30 de Belém depende de vocês”, afirmou.

“Se nós, líderes e chefes de Estado, confiamos ou não na ciência, nós vamos ter que tomar uma decisão. Porque se não tomarmos essa decisão, a sociedade vai parar de acreditar nos seus líderes, e ao invés de nós fortalecermos a luta contra o aquecimento global, a gente vai ajudar o descrédito na política, no multilateralismo e na democracia. E todos nós perderemos, porque o negacionismo poderá vencer”, completou.

No evento, outras nações como Chile e Paquistão, também apresentaram suas novas metas.

O Brasil quer ter até cem NDCs entregues até a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em novembro, em Belém. Até esta terça-feira (23), porém, menos de 50 nações o tinham realizado.

Em outubro, a ONU deve elaborar um relatório analisando se os planos apresentados estão de acordo com a ambição necessária para evitar que o mundo atinja 1,5°C de aquecimento —marca considerada por cientistas como o limite para evitar as consequências mais drásticas das mudanças climáticas.

Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, Lula já havia cobrado dos países comprometimento para apresentar suas metas. “Sem ter o quadro completo das contribuições nacionalmente determinadas, caminharemos de olhos vendados para o abismo”, disse.

O prazo original para a entrega das NDCs, vinculadas ao Acordo de Paris, era fevereiro deste ano, mas quase nenhuma nação cumpriu com esse compromisso —o Brasil o fez. Por isso, foi estabelecida uma nova data, o mês de setembro.

Um dos quatro principais emissores de CO2 do mundo, a União Europeia, não entregou sua NDC, como mostrou a Folha de S.Paulo.

Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já avisou que seu país irá deixar o Acordo de Paris. Na Assembleia-Geral, o republicano disse que a mudança climática é um golpe e as energias verdes, um esquema.

O repórter viajou a convite do Instituto Talaoa.