SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Itália instou a Flotilha Global Sumud a entregar seus suprimentos de ajuda humanitária para Gaza nesta quarta-feira (24) e permitir que sejam distribuídos pela Igreja Católica local, como forma de evitar novos riscos após as embarcações terem sido atacadas por drones durante a noite.

A flotilha está usando cerca de 50 barcos civis para tentar romper o bloqueio naval israelense a Gaza. Muitos advogados e ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, estão a bordo.

A Itália enviou um navio da Marinha para auxiliar a flotilha após as embarcações terem sido atacadas por 12 drones em águas internacionais a 56 km da ilha grega de Gavdos. Todos os passageiros ficaram seguros depois das explosões, disse Marikaiti Stasinou, porta-voz da Marcha para Gaza na Grécia, que faz parte do projeto.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a proposta de Roma era entregar a ajuda humanitária em Chipre ao Patriarcado Latino de Jerusalém, que então a distribuiria. “É uma proposta que parece ter o apoio do governo cipriota, do governo israelense e, claro, do governo italiano. Estamos aguardando uma resposta da flotilha”, disse Meloni a repórteres em Nova York, onde participa da Assembleia-Geral da ONU.

Meloni instou a flotilha a aceitar o plano e criticou sua iniciativa de ajuda, chamando-a de “gratuita, perigosa e irresponsável”. O grupo de ativistas afirmou que o ataque afetou 11 embarcações e culpou Israel e seus aliados por “explosões, drones não identificados e interferências nas comunicações”, afirmando que não se deixará intimidar e que continuará navegando.

O porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan, disse que qualquer pessoa responsável pelas “violações” deve ser responsabilizada e pediu uma “investigação independente, imparcial e completa”.

O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, condenou veementemente o incidente e afirmou em comunicado que o comboio marítimo havia sido alvo de “autores atualmente não identificados”. Ele ordenou que a fragata multiuso italiana Fasan, que navegava anteriormente ao norte de Creta, se dirigisse à flotilha para possíveis operações de resgate, com foco principalmente em cidadãos italianos.

A flotilha apelou a outras nações para que “garantissem e facilitassem proteção efetiva, incluindo escolta marítima, observadores diplomáticos credenciados e uma presença estatal protetora ostensiva”. Segundo o grupo, “a Itália deu agora um primeiro passo nessa direção”.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta quarta que a Espanha enviará uma embarcação de guerra para auxiliar a flotilha. “Estamos preocupados e é por isso que enviaremos um navio para garantir que, se necessário, nossos cidadãos possam ser resgatados e trazidos de volta à Espanha”, disse em Nova York, acrescentando que o navio deve partir na quinta-feira.

Israel criticou repetidamente a flotilha, acusando seus ativistas de cumplicidade com o grupo terrorista Hamas. Nesta quarta, o Ministério das Relações Exteriores israelense reiterou a proposta para que a flotilha entregue a ajuda humanitária em um porto israelense, deixando a cargo das autoridades israelenses a tarefa de levá-la a Gaza, sob pena de sofrer consequências.

“Israel não permitirá que embarcações entrem em uma zona de combate ativa e não permitirá qualquer violação do bloqueio naval legal”, afirmou o órgão em comunicado, sem se pronunciar sobre a possível responsabilidade pelos drones.

No início deste mês, a flotilha culpou Israel por outros ataques de drones contra seus barcos enquanto estavam atracados em um porto tunisiano. Tel Aviv também não respondeu a essas acusações.