BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quarta-feira (24), que empresas brasileiras podem não se sustentar financeiramente se não houver flexibilização por parte dos Estados Unidos em relação à sobretaxa aplicada a produtos brasileiros.

“Algumas empresas brasileiras, mesmo com linhas de financiamento, não vão ter condições de se sustentar sem a abertura do mercado americano. A medida é absolutamente injusta com o Brasil”, disse Haddad em entrevista coletiva após participar de sessão da Comissão de Agricultura da Câmara.

A declaração foi feita após o ministro ser perguntado sobre a conversa rápida entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Assembleia Geral da Nações Unidas, em Nova York, na terça (23). Os dois chefes de Estado combinaram de ter uma conversa na próxima semana.

“Não estou a par dos desdobramentos. Ainda não recebi comunicação se alguma coisa vai ser agendada. Mas a abertura que foi dada pode resolver o problema na esfera econômica”, afirmou o ministro.

“A questão política é outro departamento, envolve outro poder da República, tem a questão constitucional, não é o que o Executivo brasileiro nem as empresas possam fazer a respeito. O que temos é que tirar da frente agora esses obstáculos que foram criados artificialmente impedindo algumas empresas brasileiras de terem acesso ao mercado dos Estados Unidos”, acrescentou Haddad.

Durante a sessão da Comissão de Agricultura da Câmara, Haddad fez um apelo para que parlamentares da oposição bolsonarista ligassem para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para que ele deixasse de atuar a favor de sanções contra o Brasil.

“Não sei quem é amigo do Eduardo Bolsonaro, mas quem for tem que ligar pra ele. Não adianta pedir pro Lula ligar pro Trump. Liga pro Eduardo e fala para parar de passar vergonha, de prejudicar o país e de encher a paciência do povo brasileiro com um negócio que não vai dar em nada.”

“Essa situação só vai ser resolvida pela diplomacia. Temos que encerrar o tarifaço, que é uma confusão conceitual, é usar uma arma econômica contra um país de renda média por uma superpotência para se imiscuir num tema que nem do Executivo é, é do Judiciário”, completou o ministro.

O filho de Jair Bolsonaro mora desde março nos Estados Unidos, onde articula com integrantes do governo Trump a aplicação de pressões sobre o Brasil em resposta ao julgamento do ex-presidente.