SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A China não buscará um tratamento especial ou diferenciado, um privilégio concedido a países em desenvolvimento, nas conversas atuais e futuras da OMC (Organização Mundial do Comércio), informou nesta terça-feira (23) a agência oficial de notícias chinesa, Xinhua.

Ao fazer o anúncio, o primeiro-ministro Li Qiang disse que a China, a segunda maior economia do mundo, tomou essa decisão como um “grande país em desenvolvimento e responsável”. As declarações foram feitas em uma reunião de alto nível à margem da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

Os acordos da OMC preveem disposições que concedem aos países em desenvolvimento direitos especiais, incluindo tratamento favorável por parte dos demais membros.

Esse tratamento inclui prazos mais longos para implementar compromissos e medidas diante de outros países.

As regras comerciais da OMC também permitem que países em desenvolvimento tenham mais margem de manobra para usar tarifas mais altas ou subsídios para proteger seus setores.

No entanto, alguns países ricos, entre eles os Estados Unidos, já afirmaram no passado que a China não deveria continuar sendo classificada como país em desenvolvimento.

Na OMC, cada país decide se deseja se beneficiar do status de país em desenvolvimento.

A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, confirmou a notícia e informou que “a China não continuará tendo acesso ao tratamento especial e diferenciado dos novos acordos da OMC”.

Ela elogiou a decisão como algo “importante para a reforma da OMC” e acrescentou que trata-se da “culminação de muitos anos de trabalho árduo”, em mensagem publicada nas redes sociais.

“Este é um momento crucial para a OMC. A decisão da China reflete o compromisso com um sistema de comércio global mais equilibrado e equitativo”, disse a diretora-geral da OMC em comunicado.

Li Yihong, delegada sênior da missão da China na OMC em Genebra, disse em uma coletiva de imprensa que a decisão de renunciar aos benefícios mostra o “compromisso da China em apoiar o sistema multilateral de comércio”.

“Isso não envolve nenhuma mudança no status da China como país em desenvolvimento e na OMC como membro em desenvolvimento, seja no âmbito do órgão ou em qualquer outro contexto”, disse ela. “A China continua sendo um membro importante do sul global e sempre será um país em desenvolvimento”, afirmou.