NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (24) que a democracia “é o que está em jogo para humanidade”, sem mencionar o presidente americano, Donald Trump, e em uma fala em tom mais brando que sua declaração na Assembleia-Geral desta terça (23) e carregada de autocrítica à esquerda.

A declaração foi dada na reunião “Democracia Sempre”, realizada às margens da Assembleia-Geral da ONU, no dia seguinte ao aceno do americano. Apesar de criticar o Brasil, Trump também sinalizou que os dois tiveram breve cumprimento e uma “química excelente” nos bastidores da Assembleia-Geral, além de terem combinado uma reunião na semana que vem.

Na sua fala nesta terça, na Assembleia-Geral, Lula havia enviado vários recados ao americano, falando em defesa da soberania e criticando agressões ao Judiciário nacional. A sinalização de aproximação de Trump veio logo em seguida, já que o americano falou após o brasileiro.

Nesta quarta, Lula afirmou no início da fala que não iria ler o que preparou, e pediu ao presidente chileno, Gabriel Boric, que iniciou a reunião, para interrompê-lo após os quatro minutos previstos para fala de cada um dos líderes presentes.

Lula fez uma fala acenando à esquerda mundial, em particular à esquerda latino-americana, presente na mesa com Boric, o uruguaio Yamandú Orsi e o colombiano Gustavo Petro, que chegou atrasado. O espanhol Pedro Sánchez completa a mesa de organizadores.

“Onde os democratas erraram? Onde a esquerda errou? Como deixamos a extrema direita crescer? É virtude deles ou é incompetência nossa?”, questionou Lula, que iniciou narrando primeiros passos na política como sindicalista.

Os Estados Unidos não foram convidados para o encontro, ao contrário do que ocorreu no ano passado.

O Brasil, um dos organizadores do evento, avaliou não haver clima para chamar o país em razão das sanções aplicadas por Trump. A leitura foi a de que não fazia sentido convidar um país que ataca a democracia de outro.

Houve cerca de 30 convidados por decisão dos organizadores —Brasil, Espanha, Uruguai, Colômbia e Chile. Nações como Alemanha, Canadá, França, México, Noruega, Quênia, Senegal e Timor Leste estão na lista.

Na tarde desta quarta, Lula lidera ainda, junto com o secretário-geral da ONU, António Guterres, uma reunião que busca dar impulso à entrega de NDCs (a meta de descarbonização que cada país ou grupo se compromete a cumprir). A UE não deve apresentar suas metas em Nova York, o que frustra apelos da COP30, a conferência de clima da ONU que ocorrerá em Belém em novembro.