RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta-feira (24) que a taxa básica de juros (Selic) de 15% ao ano “machuca” e “não é saudável” do ponto de vista fiscal.
Ele, contudo, reconheceu que a política monetária precisa ser feita por parte do BC (Banco Central) para frear a inflação e reancorar as expectativas dos agentes econômicos. Esse processo de melhora das projeções, segundo o secretário, já está em curso.
“A maior parte da dívida está atrelada à taxa vinculante, que é a Selic. Então, claro que tem um peso grande, amplia o déficit nominal”, afirmou Ceron a jornalistas no Rio de Janeiro.
“É óbvio que, do ponto de vista da política fiscal, machuca, não é saudável, mas tem o papel da política monetária, que precisa fazer seu trabalho”, acrescentou.
O secretário elogiou a atuação do BC, que sinalizou manter os juros inalterados por prazo prolongado para levar inflação à meta.
“Sempre digo, isso está sendo muito bem-sucedido. O processo de reancoragem [das expectativas] está acontecendo semana a semana. É uma questão de tempo.”
Para o secretário, apesar dos juros elevados, o Brasil “está muito bem colocado no mundo”.
Ele reconheceu a existência de desafios fiscais e macroeconômicos, mas disse que outros países têm questões semelhantes ou até piores a resolver.
Ceron citou o potencial do Brasil para atrair investimentos na área de transição ecológica, além do fato de não estar envolvido em guerras com outras nações. Não é à toa, na visão dele, que a Bolsa de valores brasileira vem batendo recordes.
“O Brasil é uma das bolas da vez e está sendo olhado com muito apetite pelo investidor externo”, disse.
Segundo o secretário, os riscos que podem afetar a área fiscal são os efeitos da desaceleração econômica e a não aprovação de medidas pelo Congresso Nacional.