Walison Veríssimo
O Conselho de Ética da Câmara abriu nesta terça-feira (23) um processo que pode resultar na cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado é acusado de ter defendido que os Estados Unidos aplicassem sanções contra o Brasil, numa tentativa de pressionar instituições nacionais.
A crise política do filho do ex-presidente ganhou novo capítulo após a fala de Donald Trump na Assembleia Geral da ONU. O republicano, embora tenha feito críticas ao Brasil, surpreendeu aliados bolsonaristas ao elogiar o presidente Lula (PT) e sinalizar negociações diretas com o governo brasileiro sobre tarifas. O gesto foi visto como um isolamento ainda maior para Eduardo, que já havia perdido a liderança da minoria na Câmara.
Analistas políticos destacam que a movimentação de Trump reforça a posição de Lula e fragiliza o bolsonarismo. Para a advogada internacionalista Melissa Borges, a situação de Eduardo é delicada: “Ele apostou nas sanções como estratégia de proteção ao pai, mas o que pesa nas relações internacionais é a economia. E dinheiro não segue ideologia”, explicou.
O especialista em marketing político Luiz Carlos Fernandes também vê mudança de cenário no Congresso: “O foco vai migrar para pautas centrais, como reforma tributária e Imposto de Renda. Propostas radicais devem ser engavetadas”.
O processo contra Eduardo Bolsonaro pode durar até 90 dias, mas a avaliação nos bastidores é que tende a avançar rapidamente. Com Trump buscando proximidade com Lula e o Parlamento dando sinais de pragmatismo, o deputado se vê cada vez mais isolado — e o debate já gira em torno não de “se”, mas de “quando” sua cassação será sacramentada.






