BUENOS AIRES, PE (FOLHAPRESS) – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse nesta quarta-feira (24) que está atualmente em negociações com o governo argentino para uma linha de swap (troca de moedas entre bancos centrais) de US$ 20 bilhões (R$ 106 bilhões).

“Estamos trabalhando em estreita coordenação com o governo argentino para evitar volatilidade excessiva”, escreveu o norte-americano no X, um dia após um encontro entre Javier Milei e Donald Trump em Nova York.

Os acordos de swap têm por objetivo conter movimentos bruscos disfuncionais do mercado de câmbio. As operações buscam proteção contra variações excessivas da moeda americana em relação à local.

A Argentina mantém um acordo de swap com o governo chinês e parte dos analistas apontam que o acordo com o governo Trump parte do interesse norte-americano em diminuir a influência chinesa na região.

O governo Milei, alinhado ao de Trump, recentemente renovou uma linha de swap de US$ 5 bilhões (R$ 28 bilhões) da China, apesar do enviado especial de Trump chamá-la de “extorsiva” e dizer que os Estados Unidos querem que ela termine.

O governo argentino passou por uma crise cambial na última semana, como uma resposta do mercado ao péssimo desempenho de Milei nas eleições regionais da província de Buenos Aires, em 7 de setembro. A Casa Rosada busca formas de ganhar fôlego até as eleições legislativas nacionais, em 26 de outubro.

Para acumular dólares, zerou os impostos sobre exportações de grãos e carnes até depois das eleições e buscou apoio de Trump.

“Como o presidente Trump declarou, estamos prontos para fazer o que for necessário para apoiar a Argentina e o povo argentino”, reforçou o funcionário do governo Trump.

Ele argumentou que, sob Milei, a Argentina deu passos importantes em direção à estabilização, com consolidação fiscal e ampla liberalização de preços e de regulamentações restritivas.

Ele também disse que o Tesouro dos EUA está preparado para comprar títulos em dólares da Argentina e o fará, caso as condições o justifiquem. “Também estamos preparados para fornecer crédito significativo por meio do Fundo de Estabilização Cambial, e temos mantido discussões ativas com a equipe do presidente Milei.”

O encontro entre os dois na terça-feira acalmou o mercado, e o dólar voltou ao patamar anterior às eleições legislativas da província de Buenos Aires.

O câmbio oficial no varejo abriu nesta quarta a 1.385 pesos argentinos e o “blue” (paralelo) a 1.410 pesos. O teto da banda de flutuação, que tinha sido furado nos últimos dias, é de cerca de 1.471 pesos. O banco central do país chegou a queimar mais de US$ 1,1 bilhão na semana passada, para conter o avanço da moeda.

Além disso, segundo o secretário, os Estados Unidos estão trabalhando com o governo argentino para acabar de vez com os impostos sobre exportações agrícolas (as chamadas “retenciones”, que o governo Milei suspendeu até o fim de outubro) para produtores de commodities que convertem divisas.

“Também estive em contato com várias empresas americanas que pretendem fazer investimentos estrangeiros diretos substanciais em vários setores da Argentina no caso de um resultado eleitoral positivo”, escreveu Bessent.