RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Não se espante quando você vir um técnico com o dedo apontado para o céu, fazendo movimentos circulares com o braço.

A Copa do Brasil feminina, a partir das quartas de final, servirá de laboratório para um novo sistema de checagem de decisões de arbitragem.

E o gesto com o dedo é a senha. Significa que o treinador em questão entregará um cartão pedindo um desafio a respeito da decisão da arbitragem em campo.

Nas siglas em inglês, quem não tem VAR caça com FVS (Football Video Support).

O suporte de vídeo para o futebol é uma alternativa mais econômica para que o auxílio da tecnologia também faça parte de torneios menos estruturados, em termos de transmissão e investimento.

O VAR é mais complexo, demanda uma cabine externa, pelo menos oito câmeras. O suporte de vídeo é mais simples. Com quatro câmeras, basta colocar um monitor à beira do campo e um operador para buscar as imagens que o árbitro precisa.

É o árbitro central, inclusive, quem toma as decisões, após checar o lance no monitor.

Pelo protocolo, o FVS é possível de ser utilizado nas quatro situações para as quais o VAR já é usado:

– Gol

– Pênalti

– Cartão vermelho

– Erro de identidade

Todos os lances de gol serão checados pelo quarto árbitro. Então, já é uma garantia a mais, não precisando que os técnicos gastem o desafio com isso.

Cada time tem direito a dois pedidos de desafio. Se a decisão de campo for alterada em favor do técnico, ele mantém o desafio. Se a tentativa for frustrada, o técnico perde um dos desafios.

Jogadores podem solicitar ao treinador a revisão de um lance, mas só o comandante da equipe pode acionar o procedimento de forma oficial.

Para a comissão de arbitragem da CBF, a iniciativa é muito interessante porque compartilha com os times a responsabilidade de pedir ou “provocar” uma checagem.

“O projeto é muito bem visto, gostamos muito dessa ideia. Discutimos muito com a Fifa sobre isso. Achamos muito pertinente porque passamos oportunidade para as equipes, que em alguns momentos de grandes decisões da partida, pensam que precisam de esclarecimento e elucidação de algum fato. A gente democratiza a tomada de ação, mas a decisão final sempre será do árbitro”, disse Rodrigo Cintra, chefe da comissão de arbitragem da CBF.

“As equipes passam a ter um papel fundamental, tático e estratégico com as possíveis chamadas para o desafio. Porque não somente os árbitros serão indagados, mas as próprias equipes”, afirma Rodrigo.

IMPEDIMENTO É ‘NO OLHO’

Uma das diferenças em relação ao VAR é que com o suporte de vídeo não há linhas traçadas para checagem de impedimento.

Com isso, é preciso medir “no olho” e com outros sinais do campo se um jogador parece estar impedido. Assim, o vídeo não resolve lances ajustados de impedimento.

“A decisão que você tem é por meio de referência visual. A câmera precisa estar bem relacionada com o evento. Vai ser mais fácil decidir em pênalti ou gol. Mas se estiver muito inclinado, vai ser mais difícil de avaliar. Campos com marcações no gramado podem ajudar. Mas não tem linha”, explicou Péricles Bassols, gerente do VAR.

E O FUTURO?

A CBF está otimista com os testes e prevê o avanço da ferramenta para no futuro tornar oficial nas competições da base da pirâmide brasileira.

Ao contrário do VAR, o suporte de vídeo não depende de internet ou cabos de fibra ótica, por exemplo. Para um jogo, a estimativa é que o custo de todo aparato seja 30% mais barato na comparação com o VAR.

Os primeiros jogos de teste foram na Copa Paulista. Agora, chegou a vez da Copa do Brasil feminina.