SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, inaugurou na semana passada a Academia ao Ar Livre. Na manhã de sábado (20), a reportagem conheceu o espaço e conversou com alguns usuários.
A academia está num espaço perto do portão 6, atrás das quadras e ao lado de um trecho da pista de cooper, em uma área onde antes existia a Academia dos Flintstones desativada em novembro de 2024, levou esse nome porque os equipamentos eram de peças de concreto, barras de ferro e pneus.
Não há sinalização que indique o caminho até o local. Na data da visita, dois funcionários da Urbia, concessionária do parque, não sabiam da existência da nova academia.
Em frente à ela havia uma segurança. A academia foi projetada para a utilização de 50 pessoas ao mesmo tempo. No sábado, quando a reportagem permaneceu por cerca de uma hora e meia, havia de 8 a 12 frequentadores simultaneamente.
Os usuários contam com cerca de 11 aparelhos de inox para musculação outros três deverão chegar nos próximos dias, segundo a instrutora presente no dia, bancos de apoio, elásticos, pesos livres (anilhas e halteres), bebedouro e recipiente para lixo. Tudo estava limpo e organizado.
As árvores garantem sombra em boa parte do espaço, o que ajuda a amenizar o calor nos dias ensolarados. O piso emborrachado fica repleto de folhagens, mas o deslocamento é confortável e seguro.
Os instrutores têm o Cref (Conselho Regional de Educação Física). A que estava no dia da visita foi atenciosa com o público. Ela passaava todas as informações a cada um que chegava e mostrava uma espécie de placa com informações. Também corrigiu os exercícios quando necessário.
No sábado, o estudante de teatro William Eduardo Barbosa da Silva, 34, usou a academia pela segunda vez. Em sua avaliação, o espaço é voltado a iniciantes.
“Aqui não deve ser um lugar onde você virá treinar todos os dias com o foco de se desenvolver fisicamente. Para isso, é importante procurar uma academia onde você tenha mais suporte. Para o público em geral, vir fazer um alongamento, algum exercício para não deixar de treinar, é um bom lugar”, disse.
Alguns usuários reclamaram da ergonomia dos aparelhos. O problema é que os ajustes não são adaptáveis a todos os tipos de estatura. Um dos exemplos é a cadeira extensora, utilizada pela reportagem.
Para uma pessoa da estatura da repórter, a almofada de apoio das pernas, que deve estar posicionada na região do tornozelo, fica no peito do pé, próximo aos dedos. Para a execução correta do exercício, a coluna precisa ficar encostada no banco. Então, o ajuste deve ser na alavanca (onde a almofada de apoio das pernas se move, permitindo a extensão do joelho). A instrutora fez os ajustes possíveis e não encontrou a posição correta. Neste caso, mais versatilidade nas adaptações resolveria a questão.
“O aparelho machuca a perna embaixo”, disse Marco Aurélio Antônio, 42, personal trainer, que estava ali como usuário. Segundo ele, os aparelhos não foram feitos por alguém que conhece uma academia, tecnicamente.
“Cada equipamento tem a função de trabalhar algum local do corpo. Um detalhe muda tudo. Para iniciante é até pior, porque se a ergonomia está errada, ele aprende errado”, afirma.
“Na cadeira extensora, se você não consegue ficar de tal maneira ajustada que a parte que vai, de fato, fazer o exercício de estender o joelho, apoiada na parte da frente do tornozelo, você acaba forçando outra região. Pode gerar uma tendinite, sobrecarga nos dedos, contusão ou até mesmo uma fratura por esforço maior”, explica Eduardo Vasconcelos, ortopedista, traumatologista e médico do esporte.
Outro exemplo é o “pulley” (ou puxada) ação de puxar uma barra para baixo com o objetivo de trabalhar os músculos das costas. A posição do banco não é adaptável a todas as pessoas. Para alguns usuários, a barra não chegava no peito. Na opinião de Marco Aurélio, há problemas em todos os aparelhos e eles precisam ser revistos.
Em nota, a Urbia afirma que a requalificação da academia oferece mais segurança e conforto aos frequentadores do espaço. A concessionária disse ainda que a área não é uma obrigação contratual, e que se compromete com o bem-estar de quem utiliza o parque para atividades físicas. Também afirma que os instrutores estão preparados para indicar exercícios alternativos em caso de limitações dos equipamentos ou dos alunos.
O projeto segue em fase de implementação e passará por ajustes graduais conforme as necessidades identificadas, completou a nota da concessionária.
Demais usuários que conversaram com a reportagem entre eles, um empresário de 70 anos que pediu para não ser identificado se queixaram da dificuldade de colocar e tirar as anilhas mais pesadas em alguns equipamentos. Na remada, por exemplo, os pesos estavam colados ao chão. “É coisa simples. Aqui, o calço mais alto resolveria o problema”, comentou Marco Aurélio.
Para o personal trainer Leonardo Gonçalves Muniz da Silva, a falta de versatilidade de ajustes pode impactar no rendimento do treino, a depender da estatura e do objetivo do aluno. “A população brasileira é muito diversa. Tem pessoas mais altas e mais baixas. Se você não consegue adaptar muito bem essas diferenças, elas vão se machucar e ter lesões sérias. Quem não se adequar ao diâmetro, às dimensões, à ergonomia dos aparelhos, deve usar pesos livres ou o próprio peso corporal nos exercícios”, aconselha.
ACADEMIA AO AR LIVRE
Local: Parque Ibirapuera, entrada pelo portão 6 (avenida Quarto Centenário, sem número, na zona sul de São Paulo)
Funcionamento: segunda a sexta, das 6h às 18h, e aos sábados, das 6h ao meio-dia
Uso: livre e gratuito. Futuramente, o acesso será controlado por um sistema de entrada, que também prevê o preenchimento presencial ou num aplicativo do questionário de prontidão para atividade física e assinatura de termo de responsabilidade. Usuários com 70 anos ou mais deverão apresentar atestado médico de aptidão.
Idade: acima de 18 anos.
Proibido: fumar, consumir bebidas alcoólicas ou substâncias ilícitas; treinar de chinelos, descalço, sem camisa ou de calça jeans; filmar ou fotografar com equipamentos profissionais sem autorização da Urbia; usar o espaço para aulas com personal trainer ou outro profissional de educação física
Sobre os equipamentos: devem ser higienizados após o uso e; no caso de halteres e anilhas, devolvidos aos suportes.