SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aceno de Trump e Lula e os efeitos dele na economia, o que presidente dos EUA quer da indústria petroleira e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (24).
*EFEITOS DA QUÍMICA**
Dizem que o sentimento mais próximo do ódio é o amor. Quando falamos de Lula e Trump, a única certeza é que haverá sentimentos intensos.
Nesta segunda-feira (23), os chefes de Estado se encontraram na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em Nova York, e ,aparentemente, se deram bem pelo menos foi o que Trump decidiu contar para o mundo inteiro.
Tivemos uma química excelente, disse o chefe da Casa Branca sobre Lula.
O que aconteceu: o presidente americano sugeriu que os dois conversassem, ao que Lula respondeu que sempre esteve aberto ao diálogo, de acordo com membros da equipe do governo brasileiro.
Mais detalhes sobre o encontro, como data e formato, ainda serão acertados, mas a expectativa é que a reunião aconteça na próxima semana.
QUEM AJUDOU?
A Embraer (empresa da qual o governo é acionista) e a JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, atuaram para fortalecer, dentro da gestão Trump, a ala que defende uma negociação focada no comércio, e não nas diferenças ideológicas (leia-se apoio a Bolsonaro).
A Embraer tem os EUA como principal mercado e conseguiu entrar na lista de excluídos das tarifas.
A JBS produz no país de Trump e teve uma de suas subsidiárias como a maior doadora para a cerimônia de posse do republicano.
EFEITOS
O dólar fechou ontem com a menor cotação desde junho de 2024, vendido a R$ 5,28, e a Bolsa bateu o sétimo recorde no mês. O mercado viu no gesto do americano espaço para negociações entre os dois países.
VITÓRIA?
A equipe de Lula encarou a promessa como um aceno importante. A aproximação acontece em meio ao tarifaço do republicano contra o Brasil e a um novo pacote de sanções americanas contra autoridades brasileiras.
A maioria dos produtos que o Brasil exporta para os EUA está sujeita a uma taxa de 50%, o que já causou problemas para diferentes setores no país.
O ministro do STF Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, foram alvo de sanções da Lei Magnitsky, que impede operações financeiras nos EUA.
Sim, mas a mudança de tom com Lula pode não significar que Trump mudou de ideia sobre as taxas. Há receio de que o presidente americano use a reunião para pressionar ou mesmo humilhar Lula.
**’DRILL, BABY, DRILL’**
Na opinião de Donald Trump as mudanças climáticas além de todos os movimentos, organizações e legislações que a combatem protagonizam a maior farsa já consumada no mundo.
Foi o que ele disse em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU nesta segunda-feira. O consenso da comunidade científica de que ações humanas estão alterando o equilíbrio climático do planeta foi criado por pessoas burras, afirmou.
Desde que entrou no poder, em janeiro, Trump quer todo mundo invista em combustíveis fósseis, os principais inimigos de movimentos ambientalistas.
“DRY, BABY, DRILL”
Fure, baby, fure é a instrução de Trump, que faz referência ao processo de extração do petróleo. Em seu mandato, o republicano favoreceu o setor petroleiro ao derrubar barreiras regulatórias e atacar a produção de energia de matrizes mais limpas.
O QUE ELE QUER?
Em linhas gerais, ao fortalecer o setor energético do país, pretende diminuir a dependência dos Estados Unidos do combustível importado de outras partes do mundo.
Aumentar a oferta de petróleo tem um efeito óbvio: derrubar o preço dos barris o que poderia complicar o planejamento financeiro de muitas petroleiras. Os valores já caíram, mas esse movimento tem mais a ver com a Opep (entenda aqui) do que com Trump.
A priorização do setor de petróleo melhora o sentimento para que ele invista nos EUA, mas não muda o cenário global de uma hora para a outra, segundo Frederico Nobre, gestor de investimentos da Warren.
O barril de petróleo mais barato pode derrubar o preço da energia, o que seria um ótimo negócio para o governo.
O tarifaço pode aumentar a inflação para os americanos e a energia é uma parte importante da composição dos preços ao consumidor. Dificulta de um lado, compensa do outro.
↳ As medidas de Trump também servirão como termômetro do compromisso do mercado com a questão climática: afinal, o capital irá para os combustíveis fósseis nos Estados Unidos ou para as fontes limpas, cada vez mais centrais na agenda europeia?
**BICHINHO LUCRATIVO**
Você acredita que entre as ações com maior valorização na bolsa de valores de Nova York nos últimos cinco anos está uma rede de lojas de ursos de pelúcia? Nem Oracle, nem Nvidia, nem Meta, é Build-a-Bear que aparece no rol das campeãs.
Nas lojas, geralmente em shoppings, crianças (e adultos) escolhem diferentes pelúcias, participam do processo de enchimento e podem escolher sons, roupas e acessórios para enfeitar o brinquedo. E isso dá dinheiro?
Veja bem: O preço das ações da marca de bichos de pelúcia subiu mais de 2.000%, colocando-a entre os 20 melhores desempenhos do mercado durante esse período.
As ações da empresa mais que dobraram no ano passado e subiram 66% no acumulado deste ano.
Em 2020, cada papel custava US$ 1 (R$ 5,28). Hoje, custa US$ 72,27 (R$ 381,58).
A receita total da rede no segundo trimestre deste ano aumentou 11% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as vendas líquidas subiram 10,8%, informou a empresa no mês passado.
A Build-a-Bear tem 627 lojas em shoppings de todo o mundo, além de destinos turísticos e navios de cruzeiro. Cerca de 100 dessas lojas foram abertas nos últimos dois anos e a empresa espera abrir mais 60 em 2025.
Não há loja física da Build-a-Bear no Brasil. Por aqui, a franquia Criamigos tem um negócio semelhante.
Não é mágica nem esquema. A valorização é resultado do planejamento estratégico da empresa, segundo Steve Silver, analista da Argus Research.
Na opinião dele, a companhia soube usar o apelo emocional do negócio e criou cada vez mais pompa em cima dele: agora, os ursinhos ganham direito a uma cerimônia, a aromas especiais e até a uma certidão de nascimento. Alguma chance de uma criança ver isso no shopping e continuar caminhando?
A CEO Sharon Price John apostou na expansão internacional, acordos de licenciamento com times da liga de futebol americano, por exemplo e fortalecimento das vendas online.
BRINCADEIRA TEM HORA
As tarifas de Trump existem mesmo no mundo de fantasia. A maioria dos fornecedores da Build-a-Bear é da China, que enfrenta uma taxa de 30% sobre as exportações para os EUA.
A empresa adiantou encomendas para tentar evitar a alíquota, mas todo estoque tem seu fim. Ela projeta um impacto de US$ 11 milhões nas finanças, decorrente das tarifas.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Zap global. A Meta lançou um recurso de tradução em tempo real no WhatsApp. Entenda como ela funciona.
Muita calma nessa hora. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central americano, disse que novos cortes na taxa de juros não estão garantidos.
Pé na tábua. A China está perdendo o posto de maior fabricante de tênis do mundo. Está sendo superada pelo Vietnã, que fornece para marcas como Nike, Adidas, Brooks e outras.
+ Cosan. Dinheiro rápido fez Ometto barrar Votorantim e Suzano na Cosan e aceitar oferta do BTG e da Perfin. A escolha causou desconforto em acionistas minoritários da empresa, que consideram entrar na Justiça.