SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um júri dos Estados Unidos considerou nesta terça (23) Ryan Routh, 59, culpado da tentativa de assassinato de Donald Trump. O homem, que pode ser sentenciado à prisão perpétua, foi flagrado com um fuzil, em setembro passado, próximo a uma área na Flórida onde o então candidato à Presidência jogava golfe.
Segundo depoimento de testemunhas, Routh foi descoberto pelo Serviço Secreto. Um dos agentes abriu fogo, o que levou o acusado a fugir sem disparar. Horas depois, ele foi preso em uma estrada na Flórida. Durante o julgamento, os promotores disseram que o plano foi “cuidadosamente elaborado e mortalmente sério” e acrescentaram que, sem a intervenção das autoridades, Trump “não estaria vivo”.
Routh também foi condenado por outros quatro crimes, incluindo obstrução de um agente federal e porte ilegal de armas. Após a leitura do veredito, ele tentou se ferir com uma caneta dentro da sala do tribunal e precisou ser contido. Sua filha, Sara, gritou que o pai “não machucou ninguém” e prometeu tirá-lo da prisão.
O caso ocorreu em um contexto de escalada da violência política nos EUA. No ano passado, Trump sofreu dois atentados durante a campanha à Casa Branca. Um deles deixou o republicano ferido na orelha.
Políticos democratas também foram alvos: em abril, a casa do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, foi incendiada enquanto sua família estava dentro; em junho, uma deputada estadual de Minnesota, Melissa Hortman, e seu marido foram assassinados, e um senador estadual e sua esposa baleados.
A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, enalteceu a decisão. “O veredito de hoje contra o aspirante a assassino de Trump demonstra o compromisso do Departamento de Justiça em punir quem pratica violência política. Essa tentativa não foi apenas um ataque ao nosso presidente, mas uma afronta à própria nação”, escreveu ela nas redes sociais. O próprio Trump também se pronunciou em sua plataforma Truth Social: “Era um homem mau, com uma intenção maligna. E eles o pegaram.”
Durante o julgamento, Routh abriu mão de advogados e tentou se defender sozinho, dizendo ser uma pessoa “gentil e não violenta”. Sua defesa, porém, foi desorganizada, segundo especialistas, e ele pouco rebateu os testemunhos apresentados por dezenas de agentes da lei.
Procuradores disseram que Routh chegou à Flórida cerca de um mês antes da tentativa de assassinato. Ele chegou em um posto de caminhoneiros e passou a monitorar os deslocamentos de Trump. No dia 15 de setembro de 2024, teria aguardado quase dez horas escondido em arbustos próximos do campo de golfe. No local, os investigadores encontraram um fuzil, duas bolsas com placas de metal semelhantes às de coletes à prova de balas e uma câmera voltada para o campo.