SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dezenas de países pediram nesta segunda-feira (22) a reabertura do corredor médico entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada por Israel, oferecendo apoio financeiro, envio de profissionais de saúde e equipamentos para que pacientes possam ser tratados em hospitais palestinos.

“Apelamos fortemente a Israel para restaurar o corredor médico até a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, de forma que as evacuações médicas de Gaza possam ser retomadas, e os pacientes recebam o tratamento de que urgentemente necessitam em território palestino”, disseram os governos em declaração conjunta divulgada pelo Canadá. O documento também pediu a suspensão das restrições impostas por Tel Aviv ao envio de medicamentos e suprimentos médicos para Gaza.

Entre os mais de 20 signatários estão Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, França, Itália, Polônia e União Europeia. Maiores aliados de Israel, os Estados Unidos não aparecem na lista.

Israel não respondeu ao apelo. No passado, contudo, autoridades do país rejeitaram solicitações semelhantes sob a justificativa de preocupações relacionadas à segurança. O governo israelense tem autorizado algumas transferências de pacientes de Gaza para países árabes e europeus, mas, segundo palestinos, isso não substitui o acesso mais amplo a hospitais na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Agências humanitárias já vinham alertando sobre a precariedade do sistema de saúde em Gaza. No fim de agosto, denunciaram que só uma fração da ajuda necessária chegava ao território desde que Israel suspendeu, em maio, parte do bloqueio à entrada de suprimentos. A Organização Mundial da Saúde declarou naquele mês que o sistema de saúde local estava à beira do colapso.

As imagens de crianças e adultos palestinos passando fome em Gaza ampliaram a pressão internacional contra a ofensiva israelense, iniciada em outubro de 2023, que provocou deslocamento de quase toda a população e desencadeou uma crise de fome. Segundo o Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 65 mil pessoas foram mortas desde o início do conflito.

Israel afirma agir em legítima defesa e em resposta ao ataque do grupo palestino Hamas, em outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas e resultou no sequestro de mais de 250 reféns.

Diante do agravamento da crise humanitária, aliados próximos dos EUA, entre eles Reino Unido e França, têm defendido a criação de um Estado palestino como caminho para uma solução de dois Estados, o que contrasta com o posicionamento de Washington.