SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A situação da rua Itápolis mudou muito rápido durante a tempestade que atingiu a cidade de São Paulo na segunda-feira (22), segundo o relato de quem vive na região no centro da capital.

“A sensação foi que vimos a chuva e o vento por cinco minutos”, lembra a publicitária Carol Patrocínio, moradora de uma das casas atingidas pelo temporal. Esse pequeno intervalo foi o suficiente para transformar a rua arborizada em um cenário de guerra.

A via foi uma das mais atingidas pela chuva e pelo vento que castigou o município. No fim da manhã desta terça-feira (23), as árvores já tinham sido retiradas do asfalto. Mas não dos imóveis. Equipes da prefeitura trabalhavam para retirar uma uma palmeira-imperial que destruiu a fachada da casa onde Patrocínio é inquilina.

A Itápolis fica no bairro da Consolação, ao lado do estádio do Pacaembu.

Os estragos não ficaram só ali. “Quando acabou a chuva fomos olhar o tamanho da destruição. Do lado de trás tem muitas telhas caídas. Telhas gigantes, que não são da minha casa. Tem árvore caída lá também”, conta. Em um dos quartos, há um buraco no teto. “Tem vista, né?”, brinca a publicitária em meio ao cenário caótico.

A destruição prendeu ela, o marido e os dois filhos dentro de casa. A escada ficou obstruída por uma das árvores. “Por sorte tinha um facão, porque como a gente tem muito jardim, a gente cuida. Pegamos o facão e fomos abrindo caminho”, diz Patrocínio.

O trabalho vai se estender pelos próximos dias. “Estamos desde ontem tirando mato da casa. A gente ainda não começou a tirar as telhas e os vidros. Isso vai ser um mutirão com os amigos”, diz.

O desespero passou com as horas e com a certeza de que a casa vai ser reparada pela proprietária. “Eu não venho de bairros ricos, então a primeira coisa que fiz foi chorar e falar: ‘Meu Deus’. Quando eu saí na rua, as pessoas estavam tranquilas, porque aqui as pessoas têm dinheiro para arrumar as casas, por mais que tenha aperto [financeiro]”, diz.

No fim da rua, funcionava um hostel. A fachada era de madeira e foi completamente destruída pelo vento, e móveis chegaram a ser arrastados para a rua. “As pessoas pensam: ‘vamos para o Brasil, não tem desastre natural’. Pelo jeito, a gente conseguiu destruir o planeta a ponto de nós termos desastre natural sim”, comenta Patrocínio.

Um morador que supervisionava os trabalhos no hostel informou que a previsão dada pela Enel para restabelecer a energia ali é de três dias. Na casa de Patrocínio, a luz já tinha retornado porque ela vem da rua Morro Verde, perpendicular a Itápolis, onde a equipe da prefeitura tentava retirar a palmeira-imperial.

Em nota, a Enel informou que restabeleceu o fornecimento de energia de 95% dos clientes impactados pela chuva de segunda-feira. Técnicos da distribuidora trabalham para atender cerca de 30 mil clientes impactados. O total de afetados representa 0,94% dos clientes da área de concessão.

A empresa disse ainda que atua com 1.300 equipes em campo ao longo do dia para agilizar o atendimento e, no momento, eles atuam principalmente em casos complexos, que envolvem a queda de árvores e exigem obras para reconstrução da rede.

Segundo a Enel, esse é o caso da rua Itápolis, uma das vias mais afetadas. A previsão para o restabelecimento da energia ali ainda é incerta, pois dependerá do tipo de reparo que será necessário realizar no trecho.