BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A PGR (Procuradoria-Geral da República) exonerou um servidor que foi alvo de busca e apreensão na sexta-feira (19) sob suspeita de vazar informações sigilosas. Ele atuava em área que investiga crimes cometidos por desembargadores e governadores.
Felipe Alexandre Wagner tinha cargo comissionado na PGR e sua exoneração foi publicada no Diário Oficial da União. O próprio órgão pediu que ele fosse alvo das buscas de uma operação feita pela Polícia Federal, que apreendeu seu celular e computador.
A ação da PF foi feita sob sigilo, sem divulgação do órgão ou da PGR, e foi relevada pela revista Piauí e confirmada pela Folha de S.Paulo.
As suspeitas são de que Felipe teria vazado informações relacionadas a uma operação sob supervisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que aconteceria no Tocantins.
Em um diálogo acessado pela PF em busca e apreensão anterior, o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), cita um “Felipe” e menciona investigações sigilosas e um parecer que seria escrito por ele.
Essa conversa foi mencionada na representação policial que gerou a nona fase da Operação Sisamnes, que investiga suspeitas de vazamentos e venda de decisões em gabinetes do STJ, em maio. À época, o prefeito negou ter vazado informações ou cometido irregularidades.
A operação está sob supervisão do ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Felipe trabalhava na assessoria jurídica criminal da PGR no STJ, e não atuava nos processos relacionados ao Tocantins, mas o órgão apurou que ele acessou indevidamente o inquérito e há suspeita de que ele vazou uma manifestação.
A reportagem procurou a PGR, que disse que não se manifestaria. Felipe Alexandre Wagner não foi localizado, tampouco sua defesa.
O servidor exonerado da PGR iniciou a carreira no Ministério Público Federal no Paraná. De acordo com pessoas próximas, mudou-se para Brasília para conhecer outros setores da PGR, já que pretendia prestar concurso para o cargo de procurador da República.
É comum que esses assessores rodem entre os chamados ofícios do Ministério Público Federal para aprender sobre todos os temas. A operação pegou de surpresa pessoas que atuaram com ele.
A Sisamnes, iniciada em 2024, tem como objetivo “investigar crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional”.
No fim do ano passado, foram cumpridos, na mesma operação, 23 mandados de busca e um de prisão contra advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados suspeitos de envolvimento na venda de decisões judiciais.
A PF também investiga negociações de vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais. É a primeira vez que um auxiliar da PGR aparece nas investigações.