SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A palavra mais usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU foi “democracia”, repetida 18 vezes, uma demonstração da posição do Brasil diante das medidas do presidente Donald Trump para interferir no julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para Lula, as sanções e tarifas dos EUA contra o Brasil são uma ameaça à soberania, e o país está defendendo suas instituições ao resistir a pressões. “O Brasil optou por resistir e defender sua democracia.”
Como seria esperado, os termos Brasil e brasileiros também estiveram entre os mais presentes na fala. Foram mencionados 15 vezes, em trechos como: “o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas” e “o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome”.
Coerente com a defesa brasileira do multilateralismo, ONU e termos relacionados foram citados 13 vezes no discurso do presidente, na maioria das vezes, de forma positiva. “Criada no fim da Guerra, a ONU simboliza a expressão mais elevada da aspiração pela paz e pela prosperidade”, afirmou Lula.
Os termos “direito” e “direitos” apareceram 12 vezes, em trechos como “defesa da paz, da soberania e do direito” e “garantia dos direitos mais elementares”.
Outra palavra recorrente foi soberania e termos relacionados, citados em trechos como “atentados à soberania ” e “nossa soberania é inegociável”. O governo Lula abraçou a defesa da soberania desde o início do conflito com Trump, que vem tentando interferir no Judiciário brasileiro. Dentro do governo, avalia-se que o tema ajudou a elevar a popularidade de Lula, que se recuperou em algumas pesquisas. Desde o início de agosto, a aprovação ao governo passou de 29% para 33%, conforme pesquisas do Datafolha.
O multilateralismo, outro mote da política externa petista desde o primeiro mandato de Lula, é mencionado 8 vezes em sua fala. Trata-se, também, de uma maneira de se contrapor a Trump, que privilegia relações bilaterais e retirou os EUA de diversas instituições multilaterais.
Fome e pobreza aparecem sete vezes, um sinal da prioridade dada pelo governo Lula ao tema. O presidente lançou no ano passado a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e ela é vista como um dos instrumentos do governo para ampliar o chamado “soft power” do Brasil no mundo.
Já os termos de conotação negativa que mais apareceram na fala de Lula foram “autoritarismo” e “guerra” cada um deles foi mencionado seis vezes.