SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Sally Rooney, escritora de best-sellers como “Pessoas normais” e “Intermezzo”, venceu o prêmio Sky Arts de literatura na última terça-feira (16) por seu quarto livro, “Intermezzo” mas não foi à cerimônia receber o troféu.
A autora irlandesa não pode mais entrar no Reino Unido. Isso porque, em agosto, ela prometeu doar todos os lucros de suas obras para o grupo Palestine Action.
O Reino Unido categorizou o Palestine Action como uma organização terrorista em julho. A decisão foi tomada após um protesto em que integrantes do grupo picharam uma aeronave da Força Aérea britânica. Desde então, mais de 1.600 pessoas foram presas por apoiarem o grupo, segundo o jornal The Guardian.
O editor de Sally Rooney leu um comunicado da escritora na cerimônia de entrega do prêmio. “Eu queria estar com vocês e aceitar esta honra pessoalmente. No entanto, por causa do meu apoio a protestos não violentos contra a guerra, fui informada de que não posso entrar no Reino Unido sem enfrentar a possibilidade de ser presa”, disse.
Nesse contexto, quero agradecê-los ainda mais por honrarem o meu trabalho nesta noite. Também quero reiterar minha crença na dignidade e beleza de todas as vidas humanas e a minha solidariedade com o povo da Palestina. Sally Rooney, em comunicado lido por seu editor
Em outro comunicado enviado ao The Guardian, a autora irlandesa disse temer a censura de suas obras. “Eu adoraria ter aceitado essa honra pessoalmente, mas essa não é nem de longe a consequência mais grave da condenação de um grupo de protestos não-violentos. Manifestantes pacíficos foram presos em números sem precedentes, e as consequências disso para a cultura e as artes só estão começando. Neste momento, estou buscando aconselhamento jurídico em questões que podem afetar a disponibilidade das minhas obras para o público”, afirmou.