BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – As fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul no ano passado deixaram marcas na vida de diversos gaúchos. Quando a água subiu e invadiu sua casa, no município de Canoas, o jovem Arthur Bonato, então com 14 anos, sabia o que precisava salvar.

“Na hora que o prefeito falou para evacuar a cidade, a primeira coisa que eu pensei foi pegar o que tinha de mais importante para mim: os meus judoguis [quimonos] e as minhas medalhas. Porque ali estava escrita toda a minha história no judô e eu não queria deixá-la para trás”, afirma.

E foi assim, com as conquistas em uma caixa de sapato e os quimonos dividindo espaço com as poucas roupas que conseguiu salvar em uma mochila, que o jovem retomou o foco na preparação para as competições.

Pouco mais de um ano depois, aquele gesto de coragem e apego à sua história ganhou um novo significado: Arthur conquistou o ouro nos Jogos da Juventude, em Brasília, na categoria até 50 kg.

OURO APÓS A PRATA MUNDIAL

Menos de um mês antes, o jovem judoca já tinha conquistado a prata no Mundial Sub-15. A combinação dos resultados mostra que Arthur não é apenas talento, mas também disciplina, coragem e paixão pelo judô.

“A sensação de ganhar essa medalha nos meus primeiros Jogos da Juventude é, com certeza, muito boa, porque eu vinha treinando muito para isso. É uma competição muito legal e que, agora, vou curtir mais ainda com a medalha de ouro no peito”, disse ele.

A conquista, para Arthur, faz parte do planejamento para os próximos passos. “Essa competição vale pontos para o ranking do ano que vem. É importante conseguir o máximo possível e estar bem colocado para as competições que disputarão”, explica.

GRATIDÃO E APOIO

Diante de tudo o que aconteceu no último ano, Arthur faz questão de dividir o momento com todos que o ajudaram a chegar até aqui:”É uma sensação muito gratificante levar essa medalha ao meu estado, porque todo mundo me apoia, todo mundo gosta de mim, torce por mim. Eu queria agradecer a Deus, primeiramente, à minha família, aos meus treinadores. Sem eles, nada disso seria possível. Muito obrigado de coração.”

SONHO OLÍMPICO

Com apenas 15 anos, o judoca já pensa grande. Ele acompanha lutas internacionais, busca novos golpes, pede ajuda constante ao sensei e mantém a humildade de quem sabe que ainda tem muito a aprender.

Mas os olhos já estão voltados para o futuro: Arthur sonha em integrar a seleção brasileira e disputar os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. Apesar da pouca idade, o foco no próximo ciclo olímpico o motiva a dar grandes passos.

“Ainda estarei muito novo para essa preparação, mas ter os jogos de Los Angeles como meta me motiva a buscar sempre mais nos treinos e nos campeonatos. Acredito que terei força para medir com os atletas de outros países”.